O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, disse nesta quinta-feira (31) que percebeu uma mudança de tom no presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas pregou cautela para interpretar o que isso significa.
Em encontro com a imprensa estrangeira em Roma, o premiê deu detalhes sobre sua conversa de 40 minutos com o líder russo na última quarta (30), a primeira entre os dois desde o início da invasão à Ucrânia.
"A resposta é complexa. Acredito ter notado uma mudança, mas sou cauteloso na interpretação desses sinais porque a situação está em evolução", afirmou Draghi ao ser questionado se Putin adotou uma nova abordagem sobre a guerra.
"Acredito ter notado uma mudança de tom, mas não posso dizer se é verdadeira. É difícil entender em um telefonema de 40 minutos", acrescentou o primeiro-ministro.
Draghi também relatou ter ouvido de Putin que ainda não existem as condições para um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ou sequer para um cessar-fogo. "Um dos pontos de Putin é que haja pequenos passos adiante nas negociações", explicou.
Recentemente, a Rússia indicou que sua prioridade passou a ser a "liberação" do Donbass, região do leste da Ucrânia onde ficam as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e anunciou uma redução "radical" das atividades militares em Kiev e Chernihiv.
Mais do que uma retirada, essa movimentação tem sido interpretada como uma manobra de Moscou para reorganizar suas forças e reforçar as linhas no fronte oriental. O futuro do Donbass é a questão mais espinhosa nas negociações, e Moscou e Kiev não fizeram avanços nesse ponto.
Por outro lado, a Ucrânia se comprometeu a não ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a não instalar armas nucleares em seu território, mas desde que tenha garantias de segurança por parte de potências internacionais e caminho livre para aderir à União Europeia.
Gás
Draghi também conversou com Putin sobre o fornecimento de gás à Europa e sobre o projeto do Kremlin para exigir pagamentos em rublos pelo recurso natural.
"Os países ocidentais disseram que não é aceitável e que é impossível pagar em rublos. Acredito ter havido um processo de reflexão interna na Rússia, que levou a uma definição melhor do que significa pagar em rublos", declarou o premiê italiano à imprensa estrangeira.
De acordo com Draghi, Putin explicou que os contratos existentes "permanecem em vigor", o que permitirá que as empresas europeias continuem comprando gás com euros ou dólares. (ANSA)
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