O embaixador da Rússia em Roma, Sergey Razov, disse nesta sexta-feira (1º) que a "Itália apaga fogo com querosene", ao acusar o governo do premiê Mario Draghi de enviar armas para fortalecer as tropas ucranianas, decisão que estremeceria as relações bilaterais.
"Esta decisão do Parlamento italiano foi adotada no mesmo dia em que começou a primeira rodada de negociações, na Belarus. É como tentar apagar o fogo com querosene. Não se pode excluir que com as armas enviadas da Itália serão mortos cidadãos e militares russos", disse ele em entrevista ao "Quarto grade", no canal de TV "Rete 4".
Segundo Razov, "dezenas de milhares de armas já foram distribuídas a dezenas de milhares de pessoas". "Em que mãos as armas vão parar e como elas serão usadas é uma boa pergunta", questionou.
Na entrevista, o diplomata russo explicou que isso "introduz uma negatividade" nas relações bilaterais entre os dois países, apesar de ter certeza "das boas perspectivas" da Rússia.
"Agora, infelizmente, entre os italianos há uma tendência malévola: a de publicar as fotos de todas as pessoas que na Itália tiveram contato com o embaixador russo", explicou ele, acrescentando que, "se alguém pedisse para elaborar uma lista de pró-italianos na Rússia, haveria milhões de seus compatriotas".
Enquanto isso na Itália, segundo Razov, "a embaixada da Rússia e o embaixador são considerados figuras tóxicas e ameaçadoras".
A Itália já se disponibilizou a ser um dos países que forneceriam garantias de segurança à Ucrânia em troca de sua não-adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Ontem, inclusive, Draghi conversou por cerca de uma hora com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia, além do fornecimento de gás para a Europa.
"Fizemos um pedido para que nosso gás seja pago em rublos. Durante a conversa telefônica, o presidente Putin deu explicações muito exaustivas ao premiê Draghi, sobre como esses pagamentos podem ser feitos tecnicamente", explicou Razov, afirmando que o governo russo está pronto para realizar "o fornecimento segundo os volumes previamente acordados".
Ao ser questionado se o pagamento em rublos não é uma violação de contratos anteriores, o embaixador russo reforçou que "dizem que são violações das cláusulas contratuais de pagamento". "O congelamento de quase 300 bilhões em moedas estrangeiras das reservas do nosso Banco Central não é uma violação das obrigações dos países que tomaram essas decisões?", concluiu.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA