O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, disse nesta quarta-feira (6) que o país apoiará um possível veto às importações de gás russo, se a medida pressionar Moscou a encerrar a invasão à Ucrânia, mas assegurou que o tema ainda não está na mesa de negociações.
"As sanções ao gás russo não estão, e não sei se algum dia estarão, na mesa, mas quanto mais horrenda a guerra se torna, mais os países aliados se perguntam o que esta coalizão pode fazer para enfraquecer a Rússia e pará-la e permitir que Kiev se sente à mesa da paz", disse Draghi em uma entrevista coletiva para apresentar o documento sobre economia e finanças aprovado por unanimidade.
"Vamos apoiar as decisões da União Europeia. Se for proposto um veto à compra de gás, ficaremos felizes em apoiá-lo, queremos os instrumentos mais eficazes para alcançar a paz", acrescentou.
Durante a coletiva de imprensa, o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) ressaltou que os membros da UE devem questionar se preferem a paz "ou manter o ar condicionado ligado".
A UE estuda anunciar novas sanções à Rússia, que incluem a proibição da importação de carvão, embora no momento não estejam previstas medidas contra petróleo e gás. A Itália, terceira economia da UE, projeta se tornar independente do gás russo em um prazo de 24 a 30 meses - hoje, 40% do gás natural consumido no país é importado da Rússia.
Draghi adiantou que, se os fluxos de gás de Moscou forem suspensos, a Itália terá reservas para cobrir as suas necessidades até o final de outubro.
O premiê italiano comentou também o aumento dos preços da energia e afirmou ser fundamental que os 27 países-membros acordem um plano, que inclui, entre outras coisas, colocar um teto no valor do gás. "Seria o mais racional, a nível europeu. A UE tem um poder de mercado extraordinário que pode exercer impondo um preço remunerador para as empresas, mas não tão elevado como o atual", justificou.
De acordo com Draghi, o governo italiano fará "o que for necessário para ajudar as famílias e empresas no quadro europeu".
Por fim, o italiano comentou que a expulsão de 30 diplomatas russos está associada a "ações semelhantes a nível da UE". "A Europa está agora a atuar de forma muito unida em todas as frentes", finalizou. (ANSA)
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