O Tribunal de Roma suspendeu o processo em contumácia contra quatro agentes dos serviços secretos do Egito pela morte do pesquisador italiano Giulio Regeni, brutalmente assassinado no Cairo no início de 2016.
O julgamento já havia sido suspenso em outubro passado, devido à falta de confirmação de que os réus foram notificados sobre a acusação, mas voltou a ser paralisado nesta segunda-feira (11) e só vai ser retomado no próximo dia 10 de outubro.
Em comunicado enviado à audiência, o Ministério da Justiça da Itália disse que o governo do Egito se recusou a colaborar com o inquérito e para notificar os réus. Além disso, o Grupo de Operações Especiais da Arma dos Carabineiros italiana não conseguiu descobrir os endereços residenciais dos agentes.
Dessa forma, o Tribunal de Roma decidiu suspender o processo por mais seis meses e pediu novas operações de busca contra os acusados - a legislação italiana impede o início de julgamentos quando não se tem certeza de que os réus foram notificados.
O caso
O Ministério Público de Roma acusa o general Tariq Sabir e os coronéis Athar Kamel Mohamed Ibrahim, Uhsam Helmi e Magdi Ibrahim Abdelal Sharif de sequestro qualificado, homicídio qualificado e lesões corporais qualificadas, mas eles nunca responderam às notificações da Justiça italiana.
Regeni vivia no Cairo, capital do Egito, para preparar uma tese sobre sindicatos independentes para a Universidade de Cambridge, mas desapareceu no dia 25 de janeiro de 2016. Ele havia sido visto pela última vez em uma linha de metrô, e seu corpo só foi encontrado mais de uma semana depois, com evidentes sinais de tortura.
O italiano frequentava organizações sindicais clandestinas e contrárias ao presidente autocrata Abdel Fattah al-Sisi, o que levantou a hipótese de crime político.
Segundo a acusação, os quatro agentes seguiam os passos de Regeni desde o fim de 2015 e o abordaram na noite de 25 de janeiro de 2016, no metrô do Cairo. Em seguida, teriam conduzido o pesquisador contra sua vontade para uma delegacia e, depois, para um edifício onde ele ficaria nove dias em cativeiro.
O MP diz que Regeni foi "seviciado durante dias", o que provocou "agudo sofrimento físico", inclusive por meio de "objetos escaldantes, chutes, socos, lâminas e bastões". Essas ações teriam causado "numerosas lesões traumáticas na cabeça, no rosto, no trato cérvico-dorsal e nos membros inferiores".
O torturador, de acordo com o Ministério Público, era Magdi Ibrahim Abdelal Sharif, também tido como autor material do homicídio. (ANSA)
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