O premiê da Itália, Mario Draghi, discursou no Senado nesta terça-feira (21) sobre a guerra na Ucrânia, em vista da próxima reunião do Conselho Europeu, em 23 e 24 de junho.
O pronunciamento ocorreu em meio ao iminente racha no maior partido da situação, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), por conta do envio de armamentos para as Forças Armadas ucranianas.
Sem mencionar a questão das armas especificamente, Draghi afirmou que o governo italiano "pretende continuar apoiando a Ucrânia como o Parlamento disse para fazer, junto com os parceiros da União Europeia e do G7".
A declaração deixa implícito que Roma não descarta mandar uma nova remessa de equipamentos militares para Kiev, hipótese que é rechaçada por alas do M5S fiéis ao presidente do partido, o ex-premiê Giuseppe Conte.
No entanto, uma das principais figuras do movimento, o ministro das Relações Exteriores Luigi Di Maio, criticou publicamente a oposição no M5S à postura do governo Draghi sobre a guerra e pode até deixar o partido. Para Di Maio, a Itália deve continuar alinhada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que defende a manutenção do apoio militar à Ucrânia.
Em seu discurso nesta terça, Draghi ressaltou que os canais de diálogo continuam abertos e que seu gabinete "não vai parar de buscar a paz", porém "nos termos que a Ucrânia escolher". "Procurar a paz, superar a crise: esse é o mandato recebido do Parlamento, de vocês", reforçou o premiê aos senadores.
Draghi chefia um gabinete de união nacional que vai da esquerda à extrema direita. Contudo, com a aproximação das eleições legislativas de 2023, alguns lideres partidários já começam a tentar descolar sua imagem do governo.
Além de alas do M5S, o secretário federal do partido de ultradireita Liga, senador Matteo Salvini, também já expressou contrariedade ao envio de novas remessas de armas para a Ucrânia.
Apesar disso, as legendas da base aliada aprovaram no Senado uma resolução que obriga o governo a promover "iniciativas multilaterais ou bilaterais úteis para uma desescalada militar, aumentando paralelamente os esforços diplomáticos para encontrar uma solução pacífica e baseada no respeito à soberania e à integridade territorial da Ucrânia".
O texto, contudo, fala em "garantir apoio e solidariedade ao povo e às instituições ucranianas, legitimados pelo artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que estabelece o direito de autodefesa individual e coletiva". Em outras palavras, a resolução abre espaço para novas ajudas militares, desde que "finalizadas a alcançar o objetivo primário do cessar-fogo e da paz". (ANSA)
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