Ao menos seis pessoas morreram e oito ficaram feridas no deslizamento de uma grande pedaço de gelo no maciço Marmolada, nos Alpes italianos, neste domingo (3).
Ainda conforme as autoridades, 18 pessoas foram retiradas com vida da área e os alpinistas que já estavam acima do incidente, no cume da Marmolada, foram resgatados. Também foram fechados os alojamentos mais baixos.
Todos os corpos ainda não foram removidos do local por conta das dificuldades de chegar ao ponto onde foram encontrados. Os feridos estão sendo retirados por helicóptero.
As autoridades ainda estimam mais de 10 desaparecidos após o deslizamento, em número que tem como base a quantidade de carros ainda parados nos estacionamentos dos acessos às trilhas.
"São 16 carros em que os motoristas não foram identificados. No momento, não sabemos se os veículos são das seis pessoas que morreram ou dos desaparecidos ou de pessoas que não estavam lá. Saberemos com certeza só amanhã", disse o governador da província autônoma de Trento, Maurizio Fugatti.
As primeiras estimativas apontam que a avalanche de gelo, neve e pedras que ocorreu após o desprendimento do bloco chegou a uma velocidade de 300 km/h.
Segundo as informações do Socorro Alpino, a enorme placa de gelo se desprendeu próxima a Punta Rocca, um ponto muito usado por alpinistas para conseguir chegar ao topo do Marmolada. Todas as equipes da organização foram mobilizadas para o local, bem como cinco helicópteros das regiões do Vêneto e do Trentino-Alto Ádige.
Buscas por terra paradas
Por volta das 19h (hora local), os socorristas que estavam atuando por terra foram retirados do local por riscos de novas avalanches. Agora, os trabalhos em busca de possíveis desaparecidos e para a retirada dos corpos seguem apenas com helicópteros.
As cidades de Canazei e Rocca Pietore vetaram a passagem de cidadãos para as montanhas até que toda a situação "glacial e geológica" seja checada.
"Nós ouvimos um forte estrondo, típico de uma avalanche, e depois vimos descer em alta velocidade uma espécie de avalanche de neve e muito gelo e entendemos que algo de muito grave tinha acontecido. Com os binóculos, é possível ver o rompimento do maciço e é provável que mais parte caiam", disse um dos responsáveis pelo alojamento de esqui Rifugio Castiglioni Marmolada à ANSA.
Mudanças climáticas
O governador da província italiana de Belluno, Roberto Padrin, afirmou que as mudanças climáticas provocaram o deslizamento de um imenso bloco de gelo no maciço de Marmolada.
"As mudanças climáticas, com temperaturas nos últimos dias que atingiram os 10°C a três mil metros é um inimigo obscuro contra o qual combatemos. Na montanha, infelizmente, estamos vendo os efeitos mais desastrosos", afirmou Padrin, que teme que haja mais vítimas do incidente.
O desprendimento do bloco ocorreu um dia depois da localidade atingir neste sábado (2) seu recorde histórico de temperatura para a época, com pouco mais de 10°C.
Manifestações
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, publicou uma nota oficial em que lamenta o "terrível deslizamento" de uma placa de gelo no maciço de Marmolada, nos Alpes italianos.
"O presidente do Conselho [de Ministros], Mario Draghi, exprime as mais profundas condolências pelas vítimas do terrível deslizamento no Marmolada. O governo está próximo às famílias e a todos os feridos", afirma o comunicado.
O Palácio Chigi ainda informa que Draghi "está sendo constantemente informado sobre o andamento das operações de salvamento pelo chefe do Departamento da Proteção Civil, Fabrizio Curcio, pelo governador da província autônoma de Trento, Maurizio Fugatti, pelo socorro alpino, pelos bombeiros, pelas autoridades locais e agradece a todos por seu trabalho incessante".
A ministra para Assuntos Regionais e Autonomias da Itália, Mariastella Gelmini, também lamentou o deslizamento.
"Mortos, feridos, desaparecidos. No Marmolada se desprendeu um enorme pedaço de gelo, e a avalanche em consequência arrastou todas as coisas. Uma tragédia. Envio minhas condolências às famílias das vítimas e proximidade aos territórios. E um agradecimento aos socorristas por seu precioso trabalho", afirmou Gelmini.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA