A senadora italiana Liliana Segre, sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz, cobrou que a deputada de extrema direita Giorgia Meloni remova um símbolo associado a neofascistas do logotipo de seu partido, o Irmãos da Itália (FdI).
O pedido chega após Meloni ter publicado um vídeo em inglês, francês e espanhol, no qual afirma que a "direita italiana entregou o fascismo à história" e que ela condena "sem ambiguidade a privação da democracia e as infames lei antissemitas" do período fascista.
"Já ouvi de tudo e mais um pouco na minha vida, portanto as palavras não me impactam tanto. Para Giorgia Meloni, digo isto: comece tirando a chama do logo de seu partido", afirmou Segre à revista italiana Pagine Ebraiche.
A declaração faz referência à chama tricolor, símbolo histórico do extinto partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI), fundado por egressos do regime de Benito Mussolini. Já o FdI nasceu de uma costela do MSI, mas hoje tenta se dissociar de grupos saudosos do fascismo.
"Comecemos pelos fatos, e não pelas palavras", acrescentou a senadora.
Nascida de uma família laica judia de Milão em 10 de setembro de 1930, Segre tinha apenas 13 anos quando foi deportada para Auschwitz-Birkenau, na Polônia, graças às leis antissemitas de Mussolini.
Ao chegar ao campo de extermínio, foi separada do pai, com quem não voltaria mais a se reunir. Com o número 75.190 tatuado no braço, a jovem fez trabalhos forçados em uma fábrica de munições e, em janeiro de 1945, participou da chamada "marcha da morte", a transferência de prisioneiros da Polônia para a Alemanha.
Segre foi libertada em maio daquele mesmo ano pelo Exército soviético e passou a viver com os avós maternos, os únicos sobreviventes da família.
Em janeiro de 2018, após uma vida dando testemunho dos horrores do Holocausto e de sua superação, especialmente para jovens, foi nomeada senadora vitalícia pelo presidente da Itália, Sergio Mattarella. (ANSA)
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