O senador do partido ultranacionalista Irmãos da Itália (FdI) Ignazio La Russa foi eleito presidente do Senado da Itália nesta quinta-feira (13). O político recebeu 116 votos na segunda sessão parlamentar realizada, bem acima dos 104 necessário para ter a maioria.
Foram ainda 65 votos em branco, houve votos para a senadora Liliana Segre, que assumiu a presidência temporária do Senado por ser a representante mais velha em atividade, e para Roberto Calderoli, da Liga.
La Russa é um dos expoentes históricos da extrema-direita italiana e, ao lado da provável futura premiê italiana, Giorgia Meloni, fundou o Irmãos da Itália.
O político já atuava como um dos vice-presidentes da Casa, entre 2018 e 2022, e também foi ministro da Defesa do governo de Silvio Berlusconi (2008-2011). Ao longo dos anos, porém, acumulou polêmicas, inclusive por fazer uma saudação romana, símbolo do fascismo, em um funeral.
"Parabéns ao novo presidente do Senado da República, Ignazio La Russa. Estamos orgulhosos que os senadores elegeram um patriota, um servidor do Estado, um homem apaixonado pela Itália e que sempre colocou o interesse nacional acima de qualquer coisa. Para o Irmãos da Itália, é um ponto de referência insubstituível, um amigo, um irmão, um exemplo para as gerações de militantes e diretores", disse Meloni.
Ao tomar posse formalmente, La Russa agradeceu aos votos que recebeu de membros da oposição na eleição.
"Vocês não acreditariam, mas eu não preparei minimamente um discurso. Mas, antes dos agradecimentos, que são habituais, quero agradecer a todos que votaram em mim, os que não votaram e aqueles que se abstiveram - e se me permitem, aqueles que votaram em mim não fazendo parte da maioria da centro-direita", disse.
O político ainda afirmou que não se deve temer fazer uma mudança na Constituição. Seu partido, quer mudar o sistema político do país de parlamentarismo para presidencialismo.
"Também nessa legislatura se espera e se falará de reformas. Não devemos favorecer o ‘tudo e rápido’, mas sobretudo não devemos temê-las. É preciso tentar fazer juntos e o Senado pode esperar a via da necessidade de atualizar – não a primeira parte que é intocável – mas aquela parte da Constituição que dá mais capacidade de dar respostas aos cidadãos e pertence à vontade do povo", apontou.
O expoente do FdI ainda entregou um buquê de rosas brancas para Liliana Segre, que presidiu temporariamente a Casa para realizar a votação.
Logo depois, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, recebeu La Russa no Palácio do Quirinal, em Roma. A informação foi divulgada em nota oficial da presidência da República, que não forneceu mais detalhes sobre a reunião.
Força Itália
A eleição, porém, marcou o primeiro desentendimento visível entre os representantes do FdI, e do Força Itália (FI), de Berlusconi. Na primeira sessão, todos os eleitos pela sigla conservadora se abstiveram do voto; na segunda, apenas Berlusconi e a ex-presidente do Senado Elisabetta Casellati votaram - os demais membros do FI se abstiveram.
Em um momento de tensão, Berlusconi e La Russa bateram boca nas tribunas do Senado, com o ex-premiê dando um soco na mesa e soltando um claro "vai tomar no c*" para o senador do FdI. O que ambos debatiam não ficou claro, mas também Casellati estava bastante irritada ao lado dos senadores de seu partido.
Segundo fontes da imprensa italiana, Berlusconi queria a presidência do Senado e estava negociando nos bastidores para isso. Após a votação, porém, o ex-premiê afirmou que estava "feliz" com a eleição de La Russa e que vai trabalhar em parceria com o novo líder.
Entretanto, o partido do ex-premiê estaria planejando ir sozinho às consultas no Palácio do Quirinale, onde o presidente da Itália, Sergio Mattarella, iniciará as negociações para a formação do novo governo. A informação ainda não é oficial, segundo fontes da legenda.
Já a Câmara dos Deputados da Itália ainda não chegou a um consenso para eleger seu novo presidente.
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