O governo da França voltou neste domingo (13) a alertar a Itália sobre as possíveis "consequências" se persistir em sua atitude de rejeitar o desembarque de migrantes resgatados do Mar Mediterrâneo e reforçou que não acolherá 3,5 mil solicitantes de refúgio que vivem no país vizinho.
"Haverá consequências se a Itália persistir nesta atitude", alertou a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, em entrevista publicada pelo jornal "Le Parisien", na qual lamenta "a obstinada rejeição e falta de humanidade" do governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
A política francesa lembra ainda que o governo de Emmanuel Macron já suspendeu o mecanismo para a realocação de migrantes da Itália e reforçou os controles nas fronteiras entre os dois países, na tentativa de que Roma "entenda a mensagem".
"A Itália não respeita o direito internacional nem o direito do mar. A regra é a do porto seguro mais próximo, o navio estava perto da costa italiana", reforçou ela, acrescentando que a decisão da Itália "é chocante" e que o governo de Meloni utiliza "métodos inaceitáveis".
Já o porta-voz do governo francês, Olivier Véran, confirmou que seu país não fará o que foi planejado no âmbito do mecanismo de solidariedade Europeu.
Em entrevista divulgada pela Bfm-TV sobre os desdobramentos da crise entre Itália e França, Véran disse que Paris não acolherá "pouco mais de 3 mil pessoas" desembarcadas na Itália, "das quais 500 seriam até o final do ano". Para ele, "Giorgia Meloni é a grande perdedora nesta situação".
"A Itália não mantém o seu compromisso fundamental no mecanismo europeu de solidariedade, não vamos manter a contrapartida esperada, nomeadamente o acolhimento de 3 mil migrantes atualmente em território italiano", garantiu.
Segundo o porta-voz, "a Itália é um perdedor, pois normalmente tem um mecanismo europeu de solidariedade que garante que um grande número de países europeus, em particular a França e a Alemanha, se comprometam, em troca da recepção de navios pela Itália, a levar estrangeiros em seu território".
Enquanto isso, na fronteira ítalo-francesa de Ventimiglia, foram reforçados os controles franceses para impedir a entrada de migrantes. O bispo da região, Antonio Suetta, inclusive, classificou a reação da França como "desproporcional, não humana e do ponto de vista da solidariedade europeia não muito leal".
Alemanha -
Hoje, o embaixador alemão na Itália, Viktor Ebling, afirmou que as ONGs humanitárias do Mediterrâneo merecem "gratidão e apoio" por seu compromisso.
"Em 2022 já existem mais de 1300 pessoas mortas ou desaparecidas no Mediterrâneo. 12% dos sobreviventes foram resgatados por ONGs. Salvam vidas onde faltam auxílios estatais", escreveu no Twitter.
Protagonistas de um aqueda de braço com o governo da premiê Giorgia Meloni, as ONGs são responsáveis por apenas 12% dos migrantes forçados que chegam à Itália.
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