(ANSA) - O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou neste domingo (8) que o Irã cruzou uma "linha vermelha" ao executar penas de morte contra manifestantes presos durante protestos em defesa dos direitos das mulheres.
"O Irã cruzou a linha vermelha, um ponto de não retorno, ao começar a executar condenações à morte. A Itália é contrária à pena de morte", disse Tajani, também vice-premiê do país europeu, em entrevista ao canal SkyTG24.
De acordo com o ministro, o uso da pena capital contra manifestantes é "desproporcional em relação aos delitos cometidos". "Tirar a vida é inaceitável, sobretudo quando é em nome de Deus", acrescentou.
Na última semana de dezembro, Tajani já havia convocado o embaixador iraniano em Roma para cobrar o fim das penas de morte. "Parece-me que a resposta que chegou informalmente vai na direção oposta", declarou, em referência à execução de dois manifestantes no sábado (7).
Mohammad Mehdi Karami e Seyed Mohammad Hosseini eram acusados de matar um paramilitar durante os protestos, mas há denúncias de que eles não tiveram o direito de defesa respeitado.
Também no fim de dezembro, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, disse que a postura de seu governo iria "mudar" se o Irã não interrompesse a repressão aos protestos.
O país persa vive em convulsão social desde setembro, quando a jovem curda Mahsa Amini morreu sob custódia da polícia moral, que a havia detido por suposto uso incorreto do véu islâmico.
Desde então, mais de 500 pessoas já foram mortas em manifestações pelos direitos das mulheres, segundo organizações humanitárias, e quatro indivíduos foram executados pela Justiça.
O Irã é governado desde 1979 por um regime teocrático islâmico de vertente xiita, fruto da revolução que derrubou o xá Mohammad Reza Pahlavi, que era bancado pelo Ocidente. (ANSA)
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