"O relançamento da parceria estratégica" com o Brasil, a "determinação política" para finalizar o acordo UE-Mercosul e as discussões sobre a guerra na Ucrânia estarão no centro da agenda da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em sua viagem à América Latina, onde visitará Brasil, Argentina, Chile e México.
O chefe da delegação da UE em Brasília, embaixador Ignacio Ybáñez, falou sobre o assunto em entrevista à ANSA.
"A passagem de Von der Leyen pelo Brasil é muito importante para relançar relações intensas e construir uma parceria estratégica com o país, com o qual compartilhamos muito, mas com o qual, por exemplo, não realizamos uma cúpula bilateral desde 2014", observa o diplomata. "E a vinda da presidente europeia deve ser interpretada como mais uma demonstração da importância que atribuímos às relações com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com quem compartilhamos muitas prioridades".
Um capítulo importante da reunião bilateral entre Lula e Von der Leyen, na manhã de segunda-feira (12), será o acordo comercial UE-Mercosul. Uma trajetória que recomeçou com a posse de Lula - após o impasse de quatro anos da era Bolsonaro -, mas que agora vive uma nova desaceleração. O novo obstáculo é um documento complementar ao acordo sobre sustentabilidade, apresentado por Bruxelas em março e considerado excessivo pelo Mercosul.
E justamente neste momento de espera pelas contrapropostas dos sul-americanos, o encontro entre Lula e von der Leyen servirá para "reafirmar a ambição política e o compromisso de trabalhar em prol do acordo", explica Ybáñez.
Mas as conversas entre os dois líderes também abordarão a guerra na Ucrânia, após as controversas declarações de Lula em suas viagens à China e aos Emirados Árabes Unidos. O embaixador da UE garante que as discussões entre o alto representante Josep Borrell e o embaixador Celso Amorim, à margem da cúpula sobre a Venezuela em Bogotá, serviram para esclarecer a posição do Brasil.
"Há elementos em que não estamos alinhados, como as sanções, ou áreas em que o Brasil tem reservas, mas acho que a situação melhorou", diz o diplomata, lembrando também a passagem de Amorim por Kiev.
"Agora temos um entendimento melhor, mas certamente, no encontro deles, Von der Leyen e Lula terão a oportunidade de conversar sobre isso. O que é importante destacar é que o Brasil está do nosso lado na condenação a Moscou, é um elemento central. Até agora, Brasília votou conosco no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU, o único país dos Brics a fazê-lo. É um ponto a ser reconhecido e valorizado", observa Ybáñez.
O diplomata ainda destaca os "progressos" do Brasil no combate ao desmatamento. "Os dados parecem ter melhorado muito e, embora ainda haja muito a fazer, reconhecemos os esforços do governo Lula e acreditamos que mereça apoio internacional. Por isso estamos determinados a apoiar o retorno do Fundo Amazônia, mesmo que isso leve algum tempo. E acredito que os dois líderes também vão falar sobre isso." (ANSA)
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