(ANSA) - A Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti) da Itália aprovou nesta terça-feira (30) a posição do poder Executivo da União Europeia, que afirmou não haver condições para a conclusão do acordo de livre comércio com o Mercosul.
“A interrupção do acordo responde à batalha para cessar as importações desleais e introduzir o princípio da reciprocidade, de modo que todos os produtos que entram na UE respeitem os mesmos padrões do ponto de vista ambiental, sanitário e do respeito às normas trabalhistas previstas no mercado interno”, declarou Ettore Prandini, presidente da Coldiretti.
Em um comunicado, a associação diz estar empenhada para que “os alimentos italianos e estrangeiros nas prateleiras venham de um caminho de qualidade em relação ao ambiente, o trabalho e a saúde”.
A Coldiretti afirma que o acordo faria concessões para a importação de carne bovina e de frango do Brasil, e diz que os produtos estão “no centro de escândalos alimentares”.
Já a Associação Rural Italiana (ARI), que representa os produtores rurais, divulgou uma nota pedindo “o fim imediato das negociações para o acordo de livre comércio com os países do Mercosul e uma moratória [suspensão] sobre todos os outros acordos de livre comércio que impedem que sejam alcançados preços justos para quem produz”.
Um porta-voz da Comissão Europeia afirmou nesta terça que “no estado atual, a análise é de que as condições não foram satisfeitas" para firmar o texto, mas que as tratativas "continuam".
"A UE segue perseguindo o objetivo de alcançar um acordo que respeite os objetivos em matéria de sustentabilidade e que respeite nossas sensibilidades no setor agrícola", salientou o porta-voz.
A Itália vive uma onda de protestos de agricultores, iniciada na França, sobre o que o setor considera um excesso de regulamentação do bloco comunitário na área ambiental. Nesse contexto, no fim da última semana, o novo premiê francês, Gabriel Attal, disse que o país não aprovaria o texto.
A França vem apresentando os principais entraves para o acordo, negociado há mais de 20 anos, temendo a entrada de alimentos de países sul-americanos com preços mais baixos.
Na atual fase de negociações, Bruxelas ainda apresentou um aditivo com normas ambientais mais rígidas, mas as exigências foram consideradas inaceitáveis pelo Mercosul, e especialmente pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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