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Parlamento Europeu debaterá caso de italiana presa na Hungria

Parlamento Europeu debaterá caso de italiana presa na Hungria

Defesa de Ilaria Salis diz que ela foi presa em más condições

ROMA, 31 janeiro 2024, 19:55

Redação ANSA

ANSACheck

Ilaria Salis - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

(ANSA) - O Parlamento Europeu deve realizar um debate na tarde da próxima segunda-feira (5) sobre o caso da professora italiana Ilaria Salis, ativista antifascista presa na Hungria sob a acusação de ter agredido extremistas de direita no país.

A informação foi dada à ANSA por fontes parlamentares, antecipando a votação da ordem do dia nesta quarta-feira (31).

Na última segunda-feira (22), Salis declarou-se “não culpada” dos crimes, e as imagens da mulher entrando no tribunal de Budapeste acorrentada pelas mãos, pés e cintura chocaram a Itália e a Europa.

Também nesta quarta, veio à tona a informação de que a italiana de 39 anos, detida em 11 de fevereiro de 2023, já teve um pedido de prisão domiciliar negado em juízo em junho passado por suposto risco de fuga.

O início do julgamento foi adiado para maio, e apenas se o tribunal conceder a prisão domiciliar poderá ser avaliada a possibilidade de transferir Ilaria Salis para a Itália, aplicando uma jurisprudência do Conselho Europeu para o reconhecimento recíproco de decisões sobre medidas alternativas à prisão preventiva entre países da União Europeia.

Ainda nesta quarta, o Tribunal de Apelação de Milão recebeu uma resposta da Justiça da Hungria rechaçando as acusações de que Salis teria sido mantida em condições desumanas: “Se a pessoa for colocada sob custódia, ficará em condições consistentes com as disposições da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, das Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos, e da recomendação do Conselho da Europa sobre regras prisionais”.

O advogado Eugenio Losco, que defende Ilaria Salis, disse à ANSA que avalia a possibilidade de recorrer ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos: “A violação é óbvia, dado que foi levada de coleira ao tribunal”.

Também à ANSA, o pai de Ilaria, Roberto Salis, definiu-se “moderadamente otimista” após ter encontrado a filha no cárcere em Budapeste: “Ela ainda está entusiasmada por ter visto seus amigos na segunda-feira, e há sinais de melhora de suas condições na prisão”.

Após encontrar o embaixador da Itália em Budapeste, ele afirmou: “Ele nos relatou seu encontro com o ministro húngaro da Justiça, acredito que todos estejam se movimentando na direção certa”.

Anteriormente, Roberto Salis relatou os maus-tratos que a filha teria sofrido, ficando com roupas sujas, tendo passado oito dias em uma cela de isolamento sem papel higiênico, sabonete e absorventes, e usando sua própria roupa para se secar após o banho, sem acesso a toalha.

O advogado relatou ainda que ela declarou-se não culpada porque não teve acesso aos autos e a imagens sobre as quais estaria baseado o processo.

Em entrevista ao jornal La Repubblica, Roberto Salis ainda comemorou a notícia de que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, falou sobre o caso ao telefone com seu homólogo húngaro, Viktor Orbán.

A oposição vinha pressionando a premiê para tomar posição, acusando-a de não falar sobre o caso por ter uma boa relação o líder de extrema-direita.

“De repente alguém ouviu minha voz no deserto. Mas sou um homem de ação, até agora só vi palavras, os fatos são outra coisa. Mas o telefonema é uma ótima notícia”, disse.

Budapeste

Zoltan Kovacs, porta-voz de Viktor Orbán, escreveu no X (antigo Twitter) que Ilaria Salis sofreu “acusações graves” e garantiu que “as medidas tomadas no processo estão de acordo com a lei e são apropriadas para a gravidade do crime cometido”.

“A credibilidade de Ilaria Salis é altamente questionável, como demonstrado, entre outras coisas, pelas declarações falsas que ela fez sobre sua educação, situação familiar e relacionamentos pessoais, que se mostraram ser falsas”, acrescentou, sem detalhar.

"A mídia de esquerda e grupos de direitos humanos lançaram um ataque orquestrado contra a Hungria visando destruir as boas relações políticas entre Budapeste e Roma”, disse ainda.

 
   

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