(ANSA) - O suéter comportado na frente e que deixa as costas nuas. A clássica camisa azul usada como uma saia de couro. As roupas de malha justíssima fechada por uma fileira de botões.
Está no dualismo a essência da Fendi e de Kim Jones apresentada na Semana de Moda de Milão e que teve Delfina Delettrez-Fendi, filha de Silvia Venturini Fendi e criadora das joias da marca, como musa das mulheres-símbolo da maison.
"O primeiro dia em que Delfina chegou ao trabalho, ela estava vestida de azul e marrom e a achei fantástica. Há uma elegância, mas também uma perversão na maneira que ela distorce a Fendi, que eu amo", disse Jones.
Assim, para o próximo outono/inverno, o diretor focou diretamente no armário de Delfina e na maneira em que ela usa as peças do arquivo da maison, em um jogo de sobreposições e desconstruções que mostram um descuido apenas aparente.
Para explorar o clássico e a elegância por meio de uma lente de uma sutil perversão, Jones quis abrir o desfile - que tinha na plateia convidados como Donatella Versace e as atrizes Christina Ricci e Gwendoline Christie - com um simples cardigã de tecido e uma saia de couro.
As calças têm placas laterais ou são combinadas com kilts de memória punk, as camisas deixam as costas nuas, os coletes são dobrados e têm mangas, as gabardinas abrem-se para revelar um forro de lantejoulas e aventais se sobrepõem a vestidos e camisas enquanto lampejos de fetichismo aparecem por meio de combinações de lingerie - que são espiadas por cima de botas de cano alto.
Os vestidos drapeados e cortados em viés se alternam com "babadores" persas de cordeiro, suéteres canelados que são deixados desabotoados ou usados de maneira torta, além de vestidos de cetim com drapeados torcidos, puxados com um toque de romantismo com o uso de lenços flutuantes.
"É descontruído, mas luxuoso. Há uma pequena saudação ao punk e a minha admiração pelo 'faça você mesmo', mas transformado em algo chique", acrescenta Jones ressaltando que buscou vários motivos e desenhos de Karl Lagerfeld de 1981.
E é dupla, e não poderia ser diferente, também a nova bolsa da temporada, a Fendi Multi, desenhada por Silvia Venturini Fendi em duas formas diferentes.
"Acredito que o que é mais bonito é o movimento da bolsa, que pode ser duas coisas em uma. Essa dualidade é muito Fendi, assim como a ideia de que qualquer coisa parece simples, mas na verdade, é muito complexo", pontuou Venturini.
Por sua vez, a musa da coleção quis traduzir nas joias o clima da estação. "Queria explorar a pureza do duplo F, preso na orelha. Como a coleção, ele vai na própria essência da Fendi", finalizou Delettrez-Fendi.
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