O escritor Antonio Scurati, conhecido pelo romance best-seller "M, o filho do século", sobre Benito Mussolini, afirmou neste domingo (12) no Salão do Livro de Turim, na Itália, que uma "mudança iliberal" está em andamento.
Em abril, o cancelamento da participação de Scurati em um programa da TV Rai 3 gerou controvérsia no país, levantando acusações de censura contra a direção da emissora pública e o governo da premiê Giorgia Meloni.
"Uma mudança iliberal está em andamento. É um fato que intelectuais, escritores, artistas e pensadores livres são apontados pelo atual governo como inimigos. Independentemente do meu caso pessoal, também estou lá junto com os outros. Não precisamos personalizar, pois é um processo histórico e uma dinâmica social. Personalizar significa prejudicar a democracia", declarou durante sua participação no evento.
"Nunca falei de censura, muito menos da censura de Antonio Scurati. Um monólogo para a Resistência e sua memória foi cancelado. Uma das feridas infligidas à democracia madura e plena é que existe uma tendência para transformar o debate de ideias em ataques contra as pessoas. Quando apoio ideias e você me ataca pessoalmente, me chamando de bandido, ganancioso e aproveitador, você está aplicando um método antidemocrático que em nossa história tem suas raízes no fascismo", acrescentou.
Na polêmica de abril, o premiado autor leria no programa "Chesarà" um monólogo em que definia o partido Irmãos da Itália (FdI) da primeira-ministra italiana como "grupo dirigente pós-fascista" e acusava a legenda explicitamente de querer "reescrever a história" ignorando a resistência e o antifascismo.
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