O papa Francisco se reunirá com uma delegação indígena do Canadá, no Vaticano, no final de março para debater os casos de abusos em escolas residenciais administradas pela Igreja Católica canadense.
A data foi anunciada em comunicado divulgado pela Conferência dos Bispos Católicos Canadenses (CCBB) nesta terça-feira (1º).
Os ex-alunos desses internatos e representantes da Assembleia das Primeiras Nações, do Conselho Nacional Metis e do Tapiriit Kanatami Inuit se reunirão individualmente com o Pontífice na semana de 28 de março e realizarão uma audiência coletiva final em 1º de abril.
"Continuamos comprometidos em avançar em direção à cura e reconciliação e esperamos a oportunidade de os anciãos indígenas, detentores do conhecimento, sobreviventes de escolas residenciais e jovens se encontrarem com o papa Francisco", diz o comunicado oficial.
Inicialmente, o grupo seria recebido no Vaticano para discutir a recente descoberta de centenas de túmulos de crianças nativas em antigas escolas católicas em dezembro, mas a viagem foi adiada devido a temores de contágio pela variante Ômicron do novo coronavírus.
"A saúde e a segurança de todos os delegados continuam sendo nossa prioridade", enfatiza a CCBB. "Nas semanas que antecedem a viagem, monitoraremos a situação de saúde e continuaremos a nos envolver com delegados, autoridades de saúde pública e autoridades governamentais e internacionais relevantes, para que possamos viajar apenas se acreditarmos que é seguro".
Até o momento, já foram descobertas cerca de 1,3 mil sepulturas sem nome em três antigas escolas católicas para crianças nativas. Esses internatos do governo eram geridos pela Igreja para "educar" indígenas, que eram retirados à força de suas comunidades e obrigados a abandonar seus costumes e sua língua.
Além disso, os alunos eram alvos frequentes de abusos sexuais e físicos. Os primeiros túmulos foram encontrados em maio, mas a Igreja Católica no Canadá pediu desculpas apenas em setembro, após ter visto paróquias serem queimadas em protestos de povos indígenas.
Estima-se que cerca de 150 mil nativos passaram por esses internatos até a década de 1970. (ANSA)
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