O papa Francisco rezou neste domingo (3) por todos aqueles que tentam chegar à Europa, atravessando o Mar Mediterrâneo, durante celebração na gruta de São Paulo, em Rabat, onde, segundo a tradição, o apóstolo permaneceu em 60 d.C após o naufrágio do navio que o levava para Roma.
"Ajude-nos a reconhecer de longe as necessidades daqueles que lutam nas ondas do mar, atirados contra as rochas de uma praia desconhecida", disse o Pontífice na oração em prol dos migrantes.
Francisco pediu que a "compaixão" dos fiéis "não se esgote em palavras vãs, mas acenda a fogueira do acolhimento, que faz esquecer o mau tempo, aquece os corações e os une".
A declaração do religioso é dada depois de mais um naufrágio no Mediterrâneo, em águas internacionais, no qual, conforme relatado pelos Médicos Sem Fronteiras, mais de 90 pessoas que deixaram a Líbia teriam perdido suas vidas.
Na gruta, o Papa rezou ao "Deus de misericórdia" e lembrou da ação do Apóstolo Paulo, que chegou à ilha no ano 60 e começou a evangelização de um dos países com maior percentual de católicos na Europa.
"São Paulo e os companheiros de viagem encontraram aqui, acolhendo-os, pessoas pagãs de bom coração, que os trataram com invulgar humanidade, percebendo-se que precisavam de abrigo, segurança e assistência. Ninguém conhecia os seus nomes, a proveniência nem a condição social; sabiam apenas uma coisa: que precisavam de ajuda", lembrou.
O líder da Igreja Católica também rezou para que todos tenham "a graça de um bom coração que palpite de amor pelos irmãos".
Por fim, Jorge Bergoglio acendeu uma lâmpada votiva, assinou o livro de honra e saudou um grupo de doentes e pessoas ajudadas pelas Caritas.
Ontem, o Santo Padre já havia pedido respostas compartilhadas à emergência migratória agravada pela guerra na Ucrânia, um conflito fomentado, na sua opinião, por "algum poderoso" voltado para "seus interesses nacionais". Na ocasião, ele lamentou o "vento glacial da guerra" procedente do leste da Europa.
"Não podem deixar que apenas alguns países suportem todo o problema, enquanto outros permanecem indiferentes", declarou Francisco ao lado do presidente de Malta, George Vella, e do corpo diplomático.
Até o momento, a guerra na Ucrânia já provocou o deslocamento de 4,1 milhões de habitantes do país.
Em seu segundo dia em Malta, o Papa também celebrou uma missa na Piazzale dei Granai, em Floriana. Sua viagem chegará ao fim nesta tarde, em um encontro com cerca de 200 migrantes hospedados no centro "Giovanni 23 Peace Lab".
A previsão é de que o avião papal chegará ao aeroporto de Fiumicino, em Roma, por volta das 19h40 (horário local). (ANSA)
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