O Vaticano divulgou nesta quinta-feira (21) a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial de Orações pelo Cuidado da Criação, celebrado no próximo dia 1º de setembro, e cobrou a implantação do Acordo de Paris sobre o clima, documento firmado por praticamente todos os países do mundo.
"A reunião COP27 sobre o clima, que será realizada em novembro de 2022, constitui a próxima oportunidade para promover, todos juntos, uma eficaz implementação do Acordo de Paris. Também por este motivo dispus recentemente que a Santa Sé adira à Convenção-Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas e ao Acordo de Paris, com a esperança de que a humanidade do século 21 possa ser lembrada por ter assumido com generosidade as suas graves responsabilidades", diz Francisco na mensagem chamada "Escuta a voz da criação".
Segundo o líder católico, alcançar "o objetivo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C é bastante árduo e requer uma colaboração responsável entre todas as nações para apresentar planos climáticos ou contribuições determinadas a nível nacional mais ambiciosos, para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases de efeito estufa".
"Trata-se de converter os modelos de consumo e produção, bem como os estilos de vida, numa direção mais respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos presentes e futuros, um progresso fundado na responsabilidade, na prudência/precaução, na solidariedade e atenção aos pobres e às gerações futuras. Na base de tudo, deve estar a aliança entre o ser humano e o meio ambiente que, para nós crentes, é espelho do amor criador de Deus", afirmou ainda.
Conforme o líder católico, se a humanidade aprender a escutar a natureza "notamos uma espécie de dissonância na voz da criação" porque "por um lado, é um canto doce que louva o nosso amado Criador e por outro, é um grito amargo que se lamenta dos nossos maus-tratos humanos".
O cuidado com o meio-ambiente é um dos principais assuntos defendidos por Jorge Mario Bergoglio durante seu pontificado, iniciado em 2013, e, como sempre reforça ao abordar o assunto, Francisco pontua que os cuidados sociais e que essa transição "não podem negligenciar as exigências da justiça, especialmente, para com os trabalhadores mais afetados pelo impacto das mudanças climáticas".
Além da COP27, o argentino ainda lembrou que em dezembro, no Canadá, será realizada a COP15 sobre a biodiversidade e que essa será uma oportunidade para os governos do mundo "adotarem um novo acordo multilateral para deter a destruição dos ecossistemas e a extinção das espécies".
"Rezemos e convidemos as nações para fechar acordo sobre quatro princípios-chave: 1º - construir uma base ética clara para a transformação que precisamos a fim de salvar a biodiversidade; 2º - lutar contra a perda de biodiversidade, apoiar a sua conservação e recuperação e satisfazer de forma sustentável as necessidades das pessoas; 3º - promover a solidariedade global, tendo em vista que a biodiversidade é um bem comum global que requer um empenho compartilhado; 4º - colocar no centro as pessoas em situações de vulnerabilidade, incluindo as mais afetadas pela perda de biodiversidade, como as populações indígenas, os idosos e os jovens", acrescentou.
Ao fim do texto, o chefe da Igreja Católica ainda lembra da "dívida ecológica" que as nações mais ricas e desenvolvidas têm com aquelas mais pobres por "terem poluído mais nos últimos dois séculos".
Para Bergoglio, "isso exige que elas realizem passos mais ambiciosos tanto na COP27 como na COP15".
"Além de uma decidida ação dentro das suas fronteiras, inclui cumprir as suas promessas de apoio financeiro e técnico às nações economicamente mais pobres, que já sofrem o peso maior da crise climática. Além disso, seria oportuno pensar urgentemente também num maior apoio financeiro para a conservação da biodiversidade", afirmou sobre os mais ricos.
Porém reiterou que lutar contra as mudanças climáticas deve ser um compromisso de todos.
"Significativas, embora diversificadas, são também as responsabilidades dos países economicamente menos ricos. Os atrasos dos outros não podem jamais justificar a inação de quem quer que seja. É necessário agirem todos, com decisão porque estamos chegando em um ponto de ruptura", pontuou ainda.
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