O papa Francisco fez uma celebração nesta quinta-feira (28) com religiosos e fiéis católicos na Catedral de Notre-Dame em Quebec, no Canadá, e voltou a pedir perdão tanto pelos casos de abusos sexuais de religiosos como aos indígenas canadenses.
"Penso nos abusos sexuais, contra crianças e contra outras pessoas. Quero pedir novamente perdão a todas as vítimas. A vergonha que enfrentamos.. nunca mais. E pensando nos indígenas, que os cristãos nunca mais pensem que as pessoas são superiores a outras e aceitem esse tipo de subjugação. Não permitamos que nenhuma ideologia confunda os estilos de vida de nossos povos para buscar atacá-los e dominá-los", disse.
Francisco ainda afirmou que todos precisam fazer sua parte, incluindo os pastores "que não se sintam superiores" aos demais irmãos. "Vocês são protagonistas na construção de uma igreja diferente", acrescentou aos religiosos.
Em outro ponto, o Pontífice ainda questionou "como está a relação" com as pessoas que são diferentes, que professam outra fé, como na questão dos indígenas.
Cerimônia
O líder católico foi recebido pelo arcebispo local, cardeal Geral Cyrprien Lacroix, e pelo presidente da Conferência Episcopal do Canadá, monsenhor Raymond Poisson, e chegou ao local usando sua cadeira de rodas por conta dos problemas no joelho direito. Ele ficou sentado durante toda a celebração.
Grande parte de sua fala foi sobre a alegria, que a Igreja deve ter como uma de suas principais faces, uma "alegria que atrai fiéis" e "representa Deus".
Falando sobre a "secularização" e como isso "mudou o estilo de vida de homens e mulheres, deixando Deus ao fundo, quase desaparecido no horizonte", Jorge Mario Bergoglio afirmou que há duas formas de ver o mundo de hoje: com "olhar negativo ou com o olhar que discerne".
"A primeira nasce como consequência de uma fé que, quando atacada, usa uma armadura para evitar os ataques do mundo. E assim corre o risco de ter um espírito de cruzada. E temos que prestar atenção a isso porque não é cristão. Nós nos fecharemos em nós mesmos, só choraremos as nossas perdas, e cairemos em tristeza e pessimismo - e isso nunca vem de Deus", destacou aos fiéis.
"A segunda não é um olhar ingênuo, é um olhar que consegue distinguir a realidade. Ela não quer nos tornar escravos, Deus nos criou livres e pedem que sejamos pessoas adultas e responsáveis na vida", pontuou ainda ressaltando que a secularização "é um desafio" para os pastores atuais.
"É necessário voltar ao primeiro anúncio. Precisamos transmitir a alegria pela fé, sem ficar repetindo as mesmas práticas. É preciso encontrar novos caminhos para anunciar o Evangelho para fazer as pessoas conhecerem a Cristo. É preciso ser criativos, ir ao encontro. É necessário voltar ao essencial, à alegria dos primeiros apóstolos. É preciso recomeçar depois do fracasso, voltar a Galileia, que cada um tem a sua, o seu primeiro anúncio", disse ainda.
O chefe da Igreja Católica ainda agradeceu a presença dos fiéis de diversas partes da nação e disse que "as distâncias em seu país são realmente enormes e estou contente em me encontrar com vocês", tirando risos dos presentes.
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