(ANSA) - O papa Francisco disse neste sábado (18) que o naufrágio na costa de Cutro, no sul da Itália, que provocou a morte de dezenas de migrantes, não deveria ter acontecido e defendeu a criação de corredores humanitários.
"Aquele naufrágio não deveria ter acontecido, e deve-se fazer todo o possível para que não se repita", lamentou o Pontífice em discurso dirigido aos refugiados que chegaram à Itália.
Segundo ele, a resposta é, portanto, a criação de corredores humanitários para evitar tanto novos naufrágios quanto a intensificação da crise migratória, principalmente no Mar Mediterrâneo.
"Os corredores constroem pontes que muitas crianças, mulheres, homens, idosos, vindos de situações muito precárias e de graves perigos, finalmente atravessariam em segurança, legalidade e dignidade para os países de acolhimento. Atravessam fronteiras e, mais ainda, os muros de indiferença sobre a qual muitas vezes se despedaça a esperança de muitos", enfatizou o argentino.
Francisco explicou sobre a experiência dos corredores humanitários, promovidos por ONGs religiosas, incluindo Sant'Egidio, Evangélicos, Caritas, com governos e ressaltou que "muito esforço ainda é necessário para ampliar este modelo e abrir mais caminhos legais para a migração".
"Onde falta vontade política, modelos eficazes como o seu oferecem novos caminhos viáveis. Afinal, migração segura, ordenada , regular e sustentável é do interesse de todos os países. Se isso não for ajudado a reconhecer, o risco é que o medo extinga o futuro e justifique as barreiras sobre as quais vidas humanas são quebradas", acrescentou.
De acordo com Jorge Bergoglio, "os corredores humanitários foram lançados em 2016 como resposta à situação cada vez mais dramática ao longo da rota do Mediterrâneo".
O religioso ressaltou que o mar Mediterrâneo virou um "cemitério" e "isso é difícil". Desta forma, "os corredores humanitários são para garantir a vida, a salvação e depois a dignidade e a inclusão".
"Em particular, gostaria de recordar aqueles que passaram pelos campos de detenção na Líbia, os terríveis campos de concentração na Líbia, o tráfico de seres humanos", acrescentou ele, agradecendo a quem os acolheu: "O acolhimento é o primeiro passo para a paz".
Por fim, o líder da Igreja Católica afirmou que "o trabalho realizado, identificando e acolhendo as pessoas vulneráveis, procura responder da forma mais adequada a um sinal dos tempos atuais. Indica um caminho para a Europa para que não fique bloqueada, amedrontada, sem uma visão do futuro".
"A história europeia desenvolveu-se ao longo dos séculos através da integração de diferentes populações e culturas. Portanto, não tenhamos medo do futuro!", concluiu o Papa.
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