(ANSA) - A Praça São Pedro, no Vaticano, recebe neste sábado (10) o Encontro Mundial sobre Fraternidade Humana, com a participação de 30 vencedores do Prêmio Nobel e a leitura de testemunhos de artistas como Andrea Bocelli e Al Bano.
Segundo o padre Francesco Occhetta, da Fundação Fratelli tutti, o evento "representa uma primeira etapa para ajudar a redescobrir o sentido da fraternidade e construí-la culturalmente porque não existe biologicamente".
"A fraternidade precisa de encontro e diálogo, conhecimento, palavras e gestos compartilhados, linguagens comuns e vivência da beleza. O evento vai demonstrar como é acima de tudo um bem relacional que o mercado não pode produzir. Por isso a organização é fruto de um presente: centenas de pessoas estão doando seu tempo gratuitamente para organizar tudo", explicou ele.
O condutor italiano Carlo Conti apresenta testemunhos de fraternidade e artistas como Andrea Bocelli, Al Bano, Amara Roberto Bolle, Giovanni Caccamo, Cristicchi, Hauser, Carly Paoli, Pequeno Coro dell'Antoniano, Mr. Rain, Amii Stweart e Paolo Vallesi.
Além disso, os jovens de todo o mundo darão as mãos para transformar o abraço da colunata de Bernini da Praça São Pedro em um sinal concreto de fraternidade. Em seguida, será assinada uma Declaração de Fraternidade para gritar ao mundo não à guerra e sim à paz.
Apesar de estar internado, o papa Francisco enviou uma mensagem na qual faz apelo por paz para ser lida durante o evento. "Em nosso mundo dilacerado pela violência e pela guerra, não bastam retoques e ajustes: somente uma grande aliança espiritual e social que brota dos corações e gira em torno da fraternidade pode trazer às relações a sacralidade e inviolabilidade da dignidade humana", disse o Pontífice no texto lido pelo cardeal Mauro Gambetti, presidente da fundação Fratelli Tutti.
Para o argentino, "a fraternidade não precisa de teorias, mas de gestos concretos e escolhas compartilhadas que a tornem uma cultura de paz".
"Portanto, a pergunta a se fazer não é o que a sociedade e o mundo podem me dar, mas o que posso dar aos meus irmãos e irmãs", acrescenta o Papa.
No discurso, Jorge Bergoglio pede que a lógica dos "laços de sangue ou étnicos, que só reconhecem o semelhante e negam o diferente" seja superada.
"Acreditar que o outro é irmão, dizer 'irmão' ao outro não é uma palavra vazia, mas a coisa mais concreta que cada um de nós pode fazer. Na verdade, significa emancipar-se da pobreza de acreditar no mundo como filho único. Significa, ao mesmo tempo, optar por ir além da lógica dos cônjuges, que ficam juntos apenas por interesse, sabendo também ultrapassar os limites do sangue ou dos laços étnicos, que só reconhecem o semelhante e negam o diferente", ressaltou.
De acordo com o religioso, "quando os homens e as sociedades escolhem a fraternidade, a política também muda: a pessoa volta a prevalecer sobre o lucro, a casa em que todos vivemos sobre o ambiente de ser explorado em benefício próprio, o trabalho se paga com o salário certo, a hospitalidade se torna riqueza, a vida torna-se esperançosa, a justiça abre-se à reparação e a memória do mal causado é curada no encontro entre vítimas e ofensores".
Bergoglio também cita a "Declaração sobre a fraternidade humana", elaborada pelos Prêmios Nobel presentes. "Creio que nos oferece 'uma gramática da fraternidade' e é um guia eficaz para vivê-la e testemunhá-la concretamente todos os dias".
"Desta tarde que passamos juntos, espero que vocês guardem no coração e na memória o desejo de abraçar mulheres e homens de todo o mundo para construir uma cultura da paz juntos. A paz, de fato, precisa da fraternidade e a fraternidade precisa do encontro", concluiu o Papa
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