(ANSA) - O papa Francisco usou sua bênção de Natal nesta segunda-feira (25) para fazer mais um apelo em defesa da paz no mundo, especialmente no Oriente Médio, palco de uma guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas que já deixou mais de 20 mil mortos.
Em sua mensagem "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), pronunciada para uma multidão de fiéis reunidos diante da Basílica de São Pedro, o líder da Igreja Católica disse que "o olhar e o coração dos cristãos estão voltados a Belém", cidade da Cisjordânia identificada como local de nascimento de Cristo e onde, segundo o pontífice, "hoje reinam a dor e o silêncio".
Durante o pronunciamento, o Papa afirmou que o mundo é palco de muitos "massacres de inocentes", desde o "útero materno", em referência à permissão ao aborto em diversos países, passando pelas "rotas dos desesperados em busca de esperança", em aceno às crises migratórias no planeta, até "as vidas das crianças cuja infância é devastada pela guerra", a quem ele definiu como "os pequenos Jesus de hoje".
"Dizer 'sim' ao príncipe da paz significa dizer 'não' à guerra, a qualquer guerra, à própria lógica da guerra, uma viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura sem desculpas. Mas para dizer 'não' à guerra é preciso dizer 'não' às armas, porque se o homem, cujo coração é instável e ferido, tiver instrumentos de morte entre as mãos, cedo ou tarde ele os usará. E como se pode falar de paz se aumentam a produção e o comércio de armas?", questionou Francisco.
Jorge Bergoglio ainda criticou a quantidade de dinheiro público destinado a armamentos e expressou solidariedade às populações de Israel e Palestina, especialmente às "comunidades cristãs de Gaza e de toda a Terra Santa". Além disso, condenou o "execrável ataque" cometido pelo Hamas em 7 de outubro - sem citar o grupo nominalmente - e fez um novo apelo pela libertação de reféns.
Por outro lado, fez uma súplica pelo fim das "operações militares, com seu assustador rastro de vítimas civis inocentes", e para "que se ponha remédio à desesperada situação humanitária" em Gaza.
"Que não se continue a alimentar violência e ódio, mas se dê início à solução da questão palestina através de um diálogo sincero e perseverante entre as partes, sustentado por uma forte vontade política e pelo apoio da comunidade internacional", ressaltou.
Crises no mundo
Como de hábito na bênção natalina, o Papa também abordou uma série de crises mundo afora, com um pensamento para "a população da martirizada Síria, aquela do Iêmen, que ainda sofre", e para o "caro povo libanês reencontrar em breve a estabilidade política e social".
Em seguida, Francisco pediu paz na Ucrânia e expressou "solidariedade espiritual e humana a seu povo martirizado". "Que se aproxime o dia da paz definitiva entre Armênia e Azerbaijão, favorecido por iniciativas humanitárias, pelo retorno dos deslocados às suas casas em legalidade e segurança e pelo respeito recíproco às tradições religiosas e aos lugares de culto", declarou.
Bergoglio ainda instou as pessoas a não se esquecerem das "tensões e dos conflitos que chacoalham a região do Sahel, o Chifre da África, o Sudão, Camarões, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul", e desejou a reconstituição dos "vínculos fraternos na Península Coreana, abrindo percursos de diálogo e reconciliação que possam criar as condições para uma paz duradoura".
Na sequência, o pontífice dedicou uma mensagem às Américas. "Que o filho de Deus inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade do continente americano, para que se encontre soluções para superar as divergências sociais e políticas, para lutar contra as formas de pobreza que ofendem a dignidade das pessoas, para reduzir as desigualdades e para enfrentar o doloroso fenômeno das migrações", disse.
Segundo o Papa, é preciso dar voz para quem não a tem, como "os inocentes mortos por falta de água e pão", aqueles que "não conseguem encontrar um trabalho" ou os que "são obrigados a fugir da própria pátria em busca de um futuro melhor, arriscando a vida em viagens extenuantes e à mercê de traficantes sem escrúpulos". (ANSA)
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