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Em nova encíclica, Papa ataca consumismo e 'sistema degradante'

Em nova encíclica, Papa ataca consumismo e 'sistema degradante'

'Mercado não se interessa por nossa existência', disse Francisco

VATICANO, 24 de outubro de 2024, 10:46

Redação ANSA

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Papa Francisco durante audiência geral no Vaticano - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Papa Francisco durante audiência geral no Vaticano - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O Vaticano divulgou nesta quinta-feira (24) a nova encíclica do papa Francisco, que é dedicada ao "amor humano e divino do coração de Jesus Cristo".
    Intitulado "Dilexit nos" ("Amou-nos", em tradução livre), o texto defende a necessidade de "recuperar a importância do coração" em um mundo marcado pela "tentação da superficialidade, de viver apressadamente sem saber bem para quê e de nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado que não se interessa pelo sentido da nossa existência".
    "Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração. [...] Movemo-nos, porém, em sociedades de consumidores em série, preocupados só com o agora e dominados pelos ritmos e ruídos da tecnologia, sem muita paciência para os processos que a interioridade exige. Falta o coração", diz o Papa na encíclica, documento no qual o pontífice aborda temas relevantes para a doutrina católica.
    No texto, Francisco afirma que o mundo "sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia", mas destaca que é "o coração" que "torna possível qualquer vínculo autêntico", contra a "fragmentação do individualismo".
    "Hoje tudo se compra e se paga, e parece que o próprio sentido da dignidade depende das coisas que se pode obter com o poder do dinheiro. Somos instigados a acumular, a consumir e a distrairmo-nos, aprisionados por um sistema degradante que não nos permite olhar para além das nossas necessidades imediatas e mesquinhas", ressalta Jorge Bergoglio.
    No fim do documento, o Papa pede a construção de "um mundo justo, solidário e fraterno". "Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir", diz.
    Essa é a quarta encíclica de Francisco, incluindo a "Lumen fidei" ("Luz da Vida"), publicada em 2013 e escrita parcialmente por Bento XVI. Em maio de 2015, o pontífice divulgou a "Laudato si'" ("Louvado seja"), primeira encíclica na história da Igreja Católica dedicada ao meio ambiente. Já em outubro de 2020, o Papa lançou a "Fratelli tutti" ("Todos irmãos"), que é centrada na fraternidade e tem forte teor social.
   

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