Após uma longa maratona noturna, a Câmara dos Deputados da Itália aprovou nesta quarta-feira (19), de forma definitiva, o projeto de lei do governo de Giorgia Meloni para aumentar a autonomia administrativa das regiões.
A iniciativa, que recebeu 172 votos a favor e 99 contra, é uma bandeira antiga de regiões do norte do país, historicamente mais rico e desenvolvido, porém a oposição quer tentar convocar um referendo para reverter o projeto.
A lei da chamada "autonomia diferenciada" define as modalidades por meio das quais as regiões (equivalentes aos estados) poderão pedir para administrar questões de competência do governo nacional, como saúde e educação.
Essa é uma bandeira histórica da Liga, partido de direita liderado por Matteo Salvini e que é um dos pilares da gestão Meloni, mas a oposição avalia que o projeto pode ampliar o abismo socioeconômico entre o norte e o sul do país e comprometer a unidade nacional.
O líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) no Senado, Francesco Boccia, disse à ANSA que a legenda, junto com "movimentos e a sociedade civil", está pronta para "coletar imediatamente as assinaturas para um referendo contra a divisão da Itália".
O projeto não é unânime nem mesmo nas fileiras governistas: segundo Roberto Occhiuto, governador da Calábria, os deputados do conservador Força Itália (FI) que representam a região na Câmara não votaram pela autonomia diferenciada.
"Não sei se as mínimas vantagens eleitorais que a centro-direita terá no norte compensarão a contrariedade e as preocupações dos eleitores no sul. Temo que a centro-direita nacional tenha cometido um erro do qual se dará conta em breve", ressaltou Occhiuto, membro do FI, que também integra a gestão Meloni.
Por outro lado, Attilio Fontana, governador da rica Lombardia, exultou com a aprovação da autonomia diferenciada.
"Podemos dizer que a Constituição venceu, que a Itália venceu.
Assim que a lei for promulgada, estaremos prontos a enviar o pedido ao governo em duas matérias importantes: saúde e meio ambiente", celebrou. (ANSA)
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