Durante discurso na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, nesta quinta-feira (17), o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um acordo "ambicioso" sobre perdas e danos e fez um apelo por apoio financeiro aos países em desenvolvimento.
"Estou aqui para apelar a todas as partes para combater o momento e o maior desafio que a humanidade enfrenta. O mundo está assistindo e tem uma mensagem simples: ou a bolsa ou a vida", declarou em Sharm el-Sheikh.
Segundo Guterres, o planeta vive "um momento crucial das negociações", e a COP27 terminará em 24 horas com as partes ainda divididas em vários assuntos relevantes.
"Há claramente uma ruptura de confiança entre o Norte e o Sul e entre os países desenvolvidos e as economias emergentes. Este não é o momento para apontar o dedo. O jogo da culpa cruzada é uma receita para a destruição mútua", acrescentou.
O diplomata português fez um "apelo às partes para que atuem em três áreas críticas": "um acordo ambicioso e credível sobre perdas e danos e apoio financeiro aos países em desenvolvimento"; abordar "vigorosamente a enorme lacuna de emissões", tendo em vista que a "meta de 1,5ºC não é apenas para manter uma meta viva, mas também para manter as pessoas vivas"; e agir na questão crucial do financiamento".
Para ele, é preciso "fornecer US$100 bilhões de financiamento climático para países em desenvolvimento". "O relógio do clima está correndo e a confiança está se esgotando. As partes da COP27 têm uma chance de fazer a diferença, aqui e agora", ressaltou Guterres, pedindo para todas as partes agirem rapidamente.
O rascunho do documento final da COP27 do Egito, divulgado na noite da última quarta-feira, "reconhece a crescente urgência em lidar com as perdas e danos do aquecimento global", mas ainda deixa em branco o parágrafo sobre financiamento.
O parágrafo "Necessidades especiais e circunstâncias especiais na África" também está vazio. Até o momento, não há acordo entre os Estados sobre a questão mais espinhosa da COP27: os países emergentes e em desenvolvimento do G77+China, liderados por Pequim, pedem um fundo extraordinário para "perdas e danos", enquanto os Estados Unidos e a União Europeia temem desembolsos excessivos e preferem atualizar os instrumentos de ajuda existentes.
Ontem, a UE e quatro dos seus Estados-membros - Alemanha, França, Holanda e Dinamarca - vão contribuir com 1 bilhão de euros para ajudar o continente africano a combater as mudanças climáticas.
A iniciativa tem como objetivo mobilizar programas novos e outros existentes e servirá para recolher dados sobre riscos climáticos, reforçar os sistemas de alerta precoce para prevenir as populações catastróficas iminentes, além de ajudar a mobilizar o setor financeiro.
Acordo de grãos -
Hoje, Guterres também celebrou o acordo das partes para continuar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro e prometeu seguir facilitando a navegação segura de exportação de grãos, alimentos e fertilizantes dos portos da Ucrânia.
Segundo o diplomata, a ONU está totalmente empenhada em apoiar o Centro de Coordenação Conjunta para que esta rota de abastecimento continue a funcionar sem problemas.
Guterres enfatizou ainda que um acordo é essencial para evitar uma crise alimentar global e se comprometeu em remover obstáculos para exportação de fertilizantes russos. (ANSA)
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