Capital da presidência brasileira no G20 - com a cúpula de líderes em novembro e inúmeras reuniões importantes, a começar pela de chanceleres em fevereiro -, o Rio de Janeiro quer se tornar sede de uma universidade sobre mudanças climáticas, de olho na contribuição dos países mais ricos, com o objetivo de formar as próximas gerações.
A secretária municipal de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, figura de destaque no cenário intelectual brasileiro, afrodescendente que cresceu nas favelas, mãe e feminista, explicou o projeto em entrevista à ANSA. Segundo De Paula, a iniciativa exige um investimento de cerca de R$ 3,5 milhões por ano. "Qual é o custo que países como França, Itália e tantos outros do Norte Global teriam para financiar uma universidade para 400 jovens terem acesso a informação e governança climática de qualidade?", questiona a secretária, acrescentando que o projeto já existe, mas "falta o dinheiro" para realizá-lo.
Para ela, é importante enviar jovens para estudar em países desenvolvidos, mas sem prescindir da criação de conhecimento em nível local.
Um exemplo prático dessa abordagem é a iniciativa Jovens Negociadores pelo Clima, que escolheu 50 representantes entre mais de 500 inscritos para serem interlocutores dos governos e da sociedade civil no G20 do Rio e desempenhar um papel de destaque nas discussões sobre o clima.
Para evitar que o debate se reduza a "uma discussão entre chefes de Estado que não querem repactuar absolutamente nada" e para obter resultados, afirma a expoente carioca, é importante incluir jovens que possam estar em pé de igualdade nessas conversas.
Mas entre os objetivos da cidade governada pelo prefeito progressista Eduardo Paes, única no mundo a abrigar uma floresta tropical dentro de seus limites urbanos (o Parque Nacional da Tijuca, que se estende por 33 quilômetros quadrados), está também o de fortalecer seu "fundo ambiental".
O gasto estimado para adaptar o Rio de Janeiro às mudanças climáticas é de R$ 140 bilhões nos próximos cinco anos, enquanto o orçamento anual do município é de R$ 42 bilhões. Para De Paula, também neste caso o financiamento deveria vir dos países mais desenvolvidos. "O norte global continua não querendo assumir a responsabilidade pela adaptação das cidades do sul global", diz.
Sem dinheiro, segundo a responsável pelo clima da capital fluminense, qualquer discussão sobre adaptação "perde fôlego". O que o Rio precisa para poder imaginar subúrbios e favelas "sem as enchentes e deslizamentos de terra que a gente vê todos os anos" são recursos. (ANSA)
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