São meses de treinos na cozinha, estudos gastronômicos e pesquisas com cidadãos italianos: tudo feito "com muita dedicação, esforço e amor" pela corregedora do estado de São Paulo Patricia Guerra para tentar vencer a Copa do Mundo de Tiramisù, que acontecerá na Itália no próximo mês de outubro.
"Eu tenho feito tiramisù todos os dias. Vizinhos, mãe, parentes, todo mundo prova. Tenho lido bastante, conversado muito com italianos, feito inclusive pesquisas com italianos tradicionais, dando meu tiramisù para eles provarem para tentar chegar o mais próximo da perfeição", revelou à ANSA a brasileira vencedora da seleção nacional e que viajará para Treviso, no norte da Itália, em busca do título de melhor tiramisù do mundo.
O "Belpaese" receberá a 7ª edição da Copa do Mundo de Tiramisù entre os próximos dias 5 e 8 de outubro, em uma competição entre chefs amadores dividida em duas categorias: receita original e receita criativa.
A primeira prevê a utilização obrigatória dos seis ingredientes básicos da sobremesa: ovos, açúcar, queijo mascarpone, café, cacau e o tradicional biscoito savoiardi. Já a versão criativa tem que levar mascarpone, ovos, café e cacau, além de outros três ingredientes escolhidos e custeados pelo participante.
Guerra deixou claro que nesta "doce viagem" levará sua receita vencedora, uma "versão à la brasileira" feita com "muito amor e carinho". "Cozinhar é a mais importante forma de demonstrar amor. Você parar seu tempo para cozinhar para alguém.E o doce sempre está nos momentos mais alegres, seja para alegrar alguém que está triste, seja para comemorar alguma coisa. E o tiramisù retrata isso", explicou.
Após quase 20 anos de luta contra a corrupção, Guerra decidiu investir em seu hobby e ingressou na faculdade de gastronomia. Em seguida, com o apoio da família, resolveu se inscrever na disputa "Tiramisù World Cup", apesar de nunca ter provado café até então.
"Eu nunca tinha provado café, mas eu sou muito determinada, muito focada. Minha profissão e a paixão pela cozinha se conversam porque são foco, disciplina, determinação. E o tiramisù é um divisor de águas porque foi ele que me apresentou o café, ele me apresentou essa vida doce, essa viagem doce", acrescentou.
Para se aprofundar no doce, Guerra visitou restaurantes em São Paulo e outras cidades do Brasil, como Florianópolis, Curitiba, Joinville e Brasília, e conheceu diferentes receitas. E foi a partir dessas viagens que ela começou a refinar sua versão da sobremesa.
Todo esse processo fez a confeiteira vencer a competição estadual e a incentivou a disputar a edição nacional, cuja vitória foi conquistada com um doce que levava a frase "Treviso ti amo". "Tiramisù, para mim, é sinônimo de emoção e de família", contou ela, visivelmente emocionada.
Neta de uma avó materna proveniente da Calábria, a brasileira garantiu que toda essa experiência mudou sua relação com a Itália e revelou que está até fazendo aulas de italiano para conseguir se comunicar durante a competição.
"O coração está acelerado. Quero fazer bonito para nosso país, porque é um doce italiano importante, e já é uma vitória ter uma brasileira lá, representando um país tropical. Aqui infelizmente as pessoas desconhecem um pouco o doce, a delicia que ele é", disse Guerra.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA