O poder Executivo da União Europeia negou nesta terça-feira (13) uma suposta tentativa de interferir nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, após o comissário de Mercado Interno do bloco, Thierry Breton, ter enviado uma carta ao dono do X, Elon Musk, antes de uma transmissão com o candidato Donald Trump.
A entrevista durou pouco mais de duas horas e serviu como plataforma de campanha para o republicano, que conta com o apoio declarado de Musk.
"Não temos nenhuma intenção de interferir nas eleições", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, acrescentando que a carta de Breton não foi coordenada com a presidente do Executivo da UE, Ursula von der Leyen. "O comissário descreveu uma importante preocupação geral", acrescentou.
A carta em questão foi publicada pelo próprio Breton no X e alerta Musk que ele tem a "obrigação legal de garantir que o X respeite" as normativas europeias, sobretudo a Lei de Serviços Digitais.
"Isso significa, por um lado, garantir que a liberdade de expressão e de informação, incluindo a liberdade da mídia e o pluralismo, seja efetivamente protegida e, por outro, que todas as medidas de mitigação sejam colocadas em prática", apontou o documento.
Segundo Breton, a entrevista de Musk com Trump poderia "aumentar o perfil de risco do X e gerar efeitos prejudiciais no discurso cívico e na segurança pública". Além disso, o comissário ressaltou na carta que as normativas europeias "se aplicam, sem exceções, a todo o conteúdo do X que seja acessível a usuários na UE".
"Monitoramos os riscos potenciais na UE associados com a disseminação de conteúdo que possa disseminar violência, ódio e racismo, em conjunção com importantes eventos políticos no mundo, incluindo debates e entrevistas no contexto de eleições", salientou o comissário. No X, Breton ainda escreveu que "grandes audiências" comportam "responsabilidades ainda maiores".
Durante a transmissão com Musk, Trump criticou imigrantes, chamou a candidata democrata Kamala Harris de "radical" e também acusou a UE de "se aproveitar" dos EUA no intercâmbio comercial e nas políticas de defesa, além de apontar "tentativas de censura" por parte do bloco, em referência à carta de Breton.
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