Em seu primeiro discurso público após 14 anos de isolamento e prisão, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, declarou hoje (1º), no Conselho da Europa, que o velho continente obedece à lei de espionagem dos Estados Unidos, o que prejudica o trabalho da imprensa e limita a liberdade de expressão.
"Os europeus devem obedecer à lei de espionagem dos Estados Unidos", afirmou Assange, acrescentando que seu caso permitiu que qualquer grande Estado possa processar jornalistas na Europa. "Se as coisas não mudarem, nada impedirá que o que me aconteceu ocorra novamente." Em 2010, Assange publicou no WikiLeaks uma série de documentos sigilosos do governo americano que haviam sido vazados pela militar Chelsea Manning, incluindo registros sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, além de telegramas diplomáticos dos EUA.
Após os vazamentos, as autoridades americanas começaram uma investigação criminal sobre o WikiLeaks, pedindo apoio a nações aliadas pelo mundo. O jornalista australiano buscou refúgio na embaixada do Equador em Londres, onde viveu entre 2012 e 2019, quando foi preso.
Segundo Assange, hoje há "mais impunidade, mais sigilo, mais represálias por dizer a verdade e mais censura". "É difícil não traçar uma linha entre o governo dos EUA, que segue um caminho sem retorno ao criminalizar internacionalmente o jornalismo, e o difícil contexto para a liberdade de expressão", afirmou Assange perante a Comissão de Assuntos Jurídicos e Direitos Humanos da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
A declaração do fundador do WikiLeaks está ligada a um relatório sobre liberdade de imprensa preparado pela islandesa socialista Thorhildur Sunna Aevarsdottir, membro do organismo, que será discutido e votado amanhã (2).
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