O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, anunciou nesta quarta-feira (15) que o cessar-fogo no conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza começará a partir do próximo domingo (19).
Durante o anúncio oficial, o chefe de governo pediu para que todas as partes envolvidas mantenham a calma no enclave palestino até o dia 19, acrescentando que o Egito e os Estados Unidos vão supervisionar a implementação da trégua.
Ainda segundo o premiê, a primeira fase do acordo, que terá início no domingo, envolverá a libertação de 33 reféns mantidos pelo grupo fundamentalista islâmico e seus aliados.
O objetivo da segunda trégua assinada desde o início das hostilidades é aplicar em etapas as medidas até que levem ao fim total da guerra, que já deixou mais de 46 mil mortos em 15 meses.
A previsão é que a fase seguinte do acordo possa entrar em vigor no 16º dia após o início do pacto. A segunda etapa envolveria a soltura de soldados e jovens civis homens, bem como a devolução dos corpos dos que morreram.
A terceira e última fase indica o início das conversas para a entrada de um governo alternativo em Gaza, além do debate de ideias para reconstruir a devastada região. O documento ainda menciona a retirada de tropas da área.
Enquanto isso, Israel vai libertar mais de mil palestinos no período, menos os membros do Hamas que estiveram presentes no ataque de 7 de outubro de 2023, ação que fez o conflito explodir.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda não se posicionou sobre o assunto. Uma fonte do gabinete do chefe de governo declarou que ele "se dirigirá ao público somente depois que o acordo for concluído". O Hamas, contudo, mencionou que a trégua só foi alcançada graças à "persistência" palestina.
Com o fim dos bombardeios, os moradores do enclave poderão receber mais ajuda humanitária de organizações internacionais.
Além disso, a travessia de Rafah, que fica entre Egito e Gaza, deverá autorizar a passagem de doentes e outras pessoas que precisam de cuidados médicos.
"Aplaudo o anúncio do acordo para o cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns, que é um primeiro passo crucial. Peço às partes que garantam que este acordo seja totalmente implementado. Nossa prioridade agora é aliviar o sofrimento causado por esta guerra", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou o anúncio do acordo, principalmente por levar "esperança a uma região inteira, onde as pessoas têm suportado imenso sofrimento por um longo tempo".
"Saúdo calorosamente o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza. Os reféns serão reunidos com seus entes queridos e a ajuda humanitária poderá chegar aos civis em Gaza", escreveu a líder da UE.
A Itália recebeu com bons olhos a notícia recebida do Oriente Médio e parabenizou os países que participaram da intermediação.
"A Itália saúda calorosamente o anúncio de um acordo para um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns nas mãos do Hamas e parabeniza o Egito, Catar e os Estados Unidos pelo resultado alcançado após uma longa negociação que o governo italiano sempre apoiou com convicção", diz nota do Palazzo Chigi.
A guerra foi deflagrada por atentados do Hamas que fizeram 1,2 mil mortos em 7 de outubro de 2023 e provocaram um banho de sangue sem precedentes em Israel. Desde então, os ataques israelenses já mataram mais de 46 mil palestinos em Gaza, onde o anúncio do acordo foi recebido com festa por milhares de pessoas nas ruas.
Unrwa cobra entrada rápida de ajuda humanitária em Gaza
O chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (Unrwa), Philippe Lazzarini, celebrou o acordo alcançado pelo cessar-fogo em Gaza, mas pediu agilidade para a chegada de ajuda humanitária no enclave palestino.
"Muitos têm esperado por este momento pelos últimos 15 meses. O que é necessário é acesso humanitário rápido, desimpedido e ininterrupto e suprimentos para responder ao enorme sofrimento causado por esta guerra", afirmou.
'Não esqueceremos e não perdoaremos', diz Hamas após acordo
O grupo fundamentalista islâmico Hamas, através de seu principal negociador, Khalil al-Hayya, declarou que jamais esquecerá e perdoará Israel pelo sofrimento causado aos cidadãos da Faixa de Gaza.
"Em nome de todas as vítimas, de cada gota de sangue derramada e de cada lágrima de dor e opressão, dizemos: não esqueceremos e não perdoaremos", declarou.
Ministro israelense afirma que acordo com Hamas é 'perigoso'
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, alertou que o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza fechado com o Hamas é "perigoso".
"O acordo que será apresentado ao governo é um mau acordo e perigoso para a segurança do Estado de Israel", disse Smotrich
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