O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, anunciou que não haverá adiamento do término da votação neste domingo (30) porque os eleitores não tiveram prejuízo, após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizar mais de 500 operações que paralisaram a circulação do transporte público, em especial no Nordeste.
"Não houve nenhum prejuízo no exercício do direito de voto e logicamente não haverá nenhum adiamento do término do horário da votação. A votação termina às 17h como planejado", declarou Moraes, em entrevista coletiva.
De acordo com Moraes, "não houve prejuízo aos eleitores no seu exercício do direito de voto", principalmente porque os "ônibus prosseguiram até o final e os eleitores votaram".
"Foi determinado que todas as operações cessassem para que eleitores não tenham atraso", disse o presidente do TSE, acrescentando que "é importante salientar que não houve retorno à origem dos eleitores, eles prosseguiram até a seção eleitoral e votaram".
Mais cedo, o TSE foi acionado pela coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para apurar se a PRF estaria dificultando o transporte público de eleitores, principalmente no Nordeste, onde o petista tem vantagem.
Na sequência, Moraes determinou que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, interrompesse "imediatamente" as operações e pediu para o mesmo prestar esclarecimentos.
"Oficie-se, com urgência, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal para informar imediatamente sobre as razões pelas quais realizadas operações policiais [...] relacionadas ao transporte público de eleitores", escreveu Moraes na decisão.
Moraes já havia proibido a PRF de fazer qualquer operação contra ônibus e veículos do transporte público, sob pena de crime.
No Twitter, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a convocar os parlamentares petistas para se deslocarem até os locais onde a PRF operava para dificultar o transporte público de eleitores para "dar voz de prisão" aos agentes.
"Pedimos a prisão do diretor-geral da PRF e dos superintendentes regionais que não estão cumprindo a decisão do TSE. Peço aos parlamentares da nossa coligação que se dirijam aos locais das operações em seus estados e deem ordem de prisão aos policiais, inclusive PMs, como no RJ", escreveu ela no Twitter.
A polêmica ocorre um dia após o diretor-geral da PRF pedir votos para o presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Em uma publicação no Story de sua conta pessoal no Instagram, ele escreveu "vote 22, Bolsonaro presidente". O apelo estava acompanhado de uma foto da bandeira do Brasil, mas foi apagado no início da tarde deste domingo.
Segundo o blog da Andréia Sadi, jornalista do G1, o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem a PRF é subordinada, foi escalado por Bolsonaro para colocar nas ruas o plano da campanha bolsonarista envolvendo o uso político da PRF.
Considerado um dos principais aliados de Bolsonaro, Torres tem conhecimento do mapa eleitoral de integrantes da campanha do mandatário em que foram marcadas as regiões do país em que o seu rival, Luiz Inácio Lula da Silva, é mais forte.
Reação internacional -
A ONG Human Rights Watch expressou na tarde deste domingo (30) sua preocupação com as denúncias de operações ilegais da Polícia Rodoviária Federal (PRF) "que supostamente estão impedindo ou atrasando o acesso aos locais de votação de eleitores que usam transporte público".
A organização lembrou ainda que, "em 29 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu qualquer operação da PRF relacionada ao transporte público de eleitores".
"As autoridades deveriam cumprir imediatamente as decisões do TSE, suspender todas as operações que possam levar à supressão do direito ao voto dos eleitores brasileiros e garantir que possam exercê-lo com liberdade e segurança", acrescenta a nota. (ANSA)
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