O Grupo de Trabalho de Saúde da transição de governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), denunciou nesta sexta-feira (25) que a administração de Jair Bolsonaro não repassou dados importantes sobre o estoque de medicamentos e prazos de validade de remédios e vacinas contra a Covid-19.
A equipe do petista fez um alerta sobre a coberturas vacinais no Brasil, enfatizando que o governo Bolsonaro "destruiu" o Programa Nacional de Imunizações (PNI) durante seu mandato.
Desta forma, de acordo com o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, que faz parte do grupo, existe o risco de que os imunizantes contra a Covid-19 sejam descartados já a partir de janeiro de 2023.
"Duas informações são fundamentais. Qual é o tamanho do estoque e qual é o prazo de validade. Quando falamos de medicamentos, imunobiológicos, essa questão é decisiva", disse ele.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante do núcleo também, o Brasil vive uma "possível nova onda" da pandemia, enquanto a vacinação contra a doença está "muito aquém" do esperado.
Segundo dados das secretarias estaduais de Saúde, 84,72% da população brasileira tomou a primera dose da vacina; 80,08% receberam a segunda dose; e 49,4% tomaram a dose de reforço.
"A pandemia não acabou. E nós estamos vivenciando, na nossa avaliação e na avaliação de alguns cientistas que estão fazendo estudos epidemiológicos, o início de uma possível nova onda. Estamos perto de 690 mil mortes", acrescentou Costa.
O senador explicou ainda que o governo eleito se preocupa com a imunização dos cidadãos e é necessário que a vacinação anti-Covid seja reforçada em todas as faixas etárias.
"Uma preocupação que nós temos é com a vacinação. A vacinação está muito aquém daquilo que seria desejado para todas as faixas etárias", disse Costa, que já havia afirmado que a área da Saúde precisa de R$22 bilhões a mais do que foi previsto pelo governo de Bolsonaro.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, após reunião. Entre os presentes também estavam os ex-ministros Aloizio Mercadante e José Gomes Temporão.
Mais cedo, Lula chegou a dizer a representantes da área da saúde que o governo precisa convencer a população sobre a eficácia das vacinas e reforçou que vai cobrar de lideranças evangélicas apoio às campanhas de vacinação, podendo até responsabilizar as igrejas por mortes.
"Eu pretendo procurar várias igrejas evangélicas e discutir com o chefe delas: 'Olha, qual é o comportamento de vocês nessa questão das vacinas?", declarou Lula. "Ou vamos responsabilizar vocês pela morte das pessoas", acrescentou.
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