(ANSA) - Representantes da oposição na Itália criticaram nesta quinta-feira (15) supostas tentativas de "beatificação" e "canonização" do ex-premiê Silvio Berlusconi, morto aos 86 anos em função de uma leucemia crônica.
O falecimento do líder conservador, ocorrido na última segunda (12), fez o Parlamento suspender votações em plenário durante uma semana e levou à proclamação de luto nacional pelo governo de sua aliada Giorgia Meloni - algo inédito para um ex-premiê.
"O empenho político de muita gente nasceu na oposição ao berlusconismo. Hoje eu guio a comunidade democrática, levamos respeito ao funeral, mas não participaremos da beatificação de Berlusconi", disse a líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), Elly Schlein, que foi à cerimônia fúnebre do ex-primeiro-ministro na última quarta (14).
"Pedir três dias de luto nacional é uma forçação de barra inoportuna. É natural reservar isso a pessoas que uniram a república, característica que não corresponde ao Berlusconi político", acrescentou Schlein a uma emissora italiana.
Já o ex-premiê Giuseppe Conte, líder do populista Movimento 5 Estrelas (M5S), disse ter ouvido relatos de observadores estrangeiros "maravilhados com um país parado pela morte de Berlusconi e com uma cobertura midiática tão celebrativa que se torna unilateral".
"Isso nos faz questionar os estilos e costumes culturais deste país", acrescentou Conte, que não foi ao funeral de Berlusconi.
Riccardo Ricciardi, vice-presidente do M5S, fez coro e afirmou que a "narrativa televisiva" sobre a figura do "Cavaliere" se parece com uma "canonização".
"Acreditamos que tal espetacularização não faz bem à informação nem à democracia. Aquilo que vimos nas TVs italianas foram três dias de uma verdadeira canonização, uma anomalia absoluta que não ajuda a imagem da Itália diante dos olhos do exterior", ressaltou.
Berlusconi foi o premiê mais longevo da história republicana na Itália e protagonizou a vida política no país nas últimas três décadas. No entanto, também teve a trajetória marcada por dezenas de processos judiciais - incluindo uma condenação definitiva por fraude fiscal em 2013 - e escândalos sexuais.
Ao longo dos últimos anos, viu seu partido perder cada vez mais popularidade, reduzindo-se ao papel de terceira força na coalizão de direita que governa a Itália atualmente. (ANSA)
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