O grande público o conheceu inicialmente como um polemista televisivo veemente e perspicaz que garantia audiências altíssimas com seus ferrenhos ataques à "casta política corrupta" e seus discursos antissistema.
Conceitos que rapidamente ganharam popularidade e infundiram esperança em muitos argentinos, tornando o salto da televisão para a política no final quase inevitável.
O candidato ultraliberal à presidência da Argentina, o líder de 53 anos da La Libertad Avanza, Javier Milei, escalou os degraus da política em poucos anos, cavalgando o descontentamento e a raiva pela grave crise econômica do país.
Ele se define como um economista anarco-capitalista que se baseia nas teorias mais radicais do laissez-faire dos primeiros anos do século 20.
Um radicalismo libertário que ao longo do tempo o levou a apoiar, entre outras coisas, a compra e venda de órgãos e a criação de um mercado de adoções, bem como a liberalização da venda de armas e a destruição do Banco Central.
Milei se recusa a se identificar ideologicamente com a extrema-direita. No entanto, para sua aventura política, escolheu como vice uma advogada conhecida por defender muitos dos militares condenados por crimes durante a ditadura, Victoria Villaruel.
O líder de La Libertad Avanza também aderiu à Carta de Madrid, um documento promovido pelo partido de extrema-direita espanhol Vox, que visa conter a expansão do comunismo na região ibero-americana.
E se ele conquistar a presidência, Milei anunciou que não manterá relações com países da "área comunista e socialista", incluindo o principal parceiro comercial da Argentina, o Brasil liderado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Obrigado a costurar uma aliança estratégica com a centro-direita do ex-presidente Mauricio Macri em vista do segundo turno, o candidato ultraliberal, no entanto, moderou muitas de suas propostas mais controversas nas últimas semanas, abandonando até mesmo a imagem icônica dos primeiros comícios em que ele sempre aparecia empunhando uma motosserra.
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