A Espanha anunciou nesta terça-feira (21) a retirada "definitiva" de sua embaixadora na Argentina. A medida foi tomada depois que o presidente Javier Milei se recusou a pedir desculpas após ter chamado a mulher do primeiro-ministro Pedro Sánchez, Begoña Gómez, de "corrupta".
O caso ocorreu durante um discurso em um evento do partido espanhol de extrema-direita Vox, em Madri. Indiretamente, Milei fez referência a uma investigação contra Gómez sobre supostas relações comerciais com empresas auxiliadas pelo governo. Em abril, Sánchez cogitou renunciar, falando em uma campanha de assédio e difamação.
"Não foi produzida nenhuma mudança das declarações do presidente argentino, portanto anuncio que Madri retira a embaixadora da Argentina. Ela ficará definitivamente em Madri, Buenos Aires ficará sem um embaixador", disse o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, em uma coletiva de imprensa. Na prática, a embaixada deve funcionar apenas como representação de negócios entre as duas nações.
Albares também disse que as declarações, "extremamente graves", são "sem precedentes na história das relações internacionais".
María Jesús Alonso Jiménez já havia sido convocada para consultas no domingo (19). A Espanha também convocou o embaixador argentino na Espanha, Roberto Bosch, para exigir formalmente uma retratação pública pelas declarações de Milei, que além do ataque a Gómez, acusou o governo espanhol de ser uma "raça aferrada ao poder".
Sánchez, por sua vez, chamou o ultraliberal de "covarde" e declarou: "Entre governos os afetos são opcionais, mas o respeito é irrenunciável". Ele também havia anunciado uma resposta "à altura da dignidade da democracia espanhola".
Milei, em uma entrevista nesta segunda (20) à TV argentina Todo Noticias garantiu que não pediria desculpas "em nenhuma circunstância" e disse que ele foi o agredido: "Hoje no mundo todo se fala dos casos de corrupção da mulher por tráfico de influência, e fizeram pressão no juiz, ele [Sánchez] está envolvido" O argentino também afirmou ter sido vítima de insultos de expoentes do governo espanhol por meses, mas disse que as relações diplomáticas entre os dois países não estavam em risco, pela existência de "um vínculo que ninguém pode romper".
Milei decidiu não retirar seu embaixador de Madri, e definiu a crise diplomática como "absurda", dizendo que o premiê "tem um complexo de inferioridade" e acusando-o de ter transformado um problema pessoal em uma questão de Estado.
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