(ANSA) - O poder Executivo da União Europeia admitiu nesta sexta-feira (15) que os Estados-membros precisam demonstrar solidariedade à Itália por conta da crise migratória no Mar Mediterrâneo.
A declaração chega após uma onda sem precedentes de chegadas de deslocados internacionais à ilha de Lampedusa, que acolheu mais de 7 mil pessoas entre terça (12) e quarta-feira (13).
"A Itália tem nosso pleno apoio político. Estamos trabalhando com Roma do ponto de vista financeiro e operacional", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Anitta Hipper.
"Precisamos de solidariedade e contamos com todos os países-membros. Devemos cooperar de forma próxima", acrescentou.
No entanto, o que se viu nos últimos dias foi na direção oposta. A Alemanha confirmou a suspensão de um programa de realocação voluntária de solicitantes de refúgio abrigados na Itália, acusando Roma de não fazer sua parte no acordo.
O chamado "mecanismo voluntário de solidariedade" foi estabelecido em 2022 e, em troca da ajuda de Berlim, a Itália se comprometia a receber de volta migrantes forçados que pediram refúgio em solo alemão, mesmo tendo entrado na UE pelo território italiano.
Além disso, França e Áustria anunciaram um reforço no monitoramento das fronteiras com a Itália para coibir o fluxo de deslocados internacionais.
De acordo com o Regulamento de Dublin, que orienta as políticas de asilo na UE, a análise de um pedido de refúgio deve ser feita pelo país de entrada do requerente no bloco. No entanto, grande parte dessas pessoas não deseja ficar na Itália e segue viagem rumo ao norte, para países como Áustria, Alemanha, França, Holanda e Bélgica.
Questionado sobre a crise em Lampedusa, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta sexta que é "dever de todos os europeus não deixar a Itália sozinha". "Considero que seja responsabilidade da União Europeia inteira ficar ao lado da Itália", acrescentou.
Já o ministro do Interior Gérald Darmanin conversou por telefone com seu homólogo italiano, Matteo Piantedosi. Na ligação, ambos concordaram em "reforçar a prevenção das partidas de migrantes e a luta contra os traficantes" por meio da cooperação com os países de origem.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que a UE poderia retomar sua operação naval no Mediterrâneo, com "firmeza em relação aos migrantes irregulares", e que é preciso acelerar as repatriações.
Além disso, prometeu visitar Alemanha e França para tentar restabelecer a cooperação. "A Europa não pode fingir que não está vendo", declarou. Tajani também alertou que não se pode subestimar as crises na África: "A situação já explodiu".
Segundo o Ministério do Interior italiano, o país recebeu 127,2 mil migrantes forçados via Mediterrâneo desde o início do ano, quase o dobro da cifra registrada no mesmo período de 2022.
As principais nações de origem dos deslocados são Guiné (15,1 mil) e Costa do Marfim (14,2 mil), na África Subsaariana, Tunísia (11,5 mil) e Egito (8,4 mil), no norte do continente, e Bangladesh (7,6 mil), na Ásia.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, convidou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para visitar a cidade de Lampedusa. (ANSA)
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