(ANSA) - O ex-promotor Piercamillo Davigo, da Operação "Mãos Limpas", que revelou um grande esquema de corrupção nos partidos da Itália na década de 1990, foi condenado nesta quinta-feira (7) a um ano e três meses pela Corte de Apelação de Brescia.
A pena, contudo, será suspensa, e Davigo não ficará preso.
Davigo, agora aposentado, foi acusado de violação de segredos de ofício. A decisão confirmou a sentença da primeira instância.
Davigo foi acusado de receber do procurador de Milão, Paolo Storari, um arquivo em Word não assinado com o depoimento secreto do advogado Piero Amara, conhecido por fazer a defesa de acusados em grandes processos no país, como Ilva e o Eni-Nigéria.
Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, Amara denunciou à Procuradoria de Brescia uma suposta organização dentro do sistema judicial, identificada como "Grupo Hungria".
Esse grupo, que incluía juízes, advogados, políticos e empresários, existiria há cerca de 30 anos e fazia nomeações em cargos importantes.
Na época em que recebeu o documento, Davigo era membro do Conselho Superior de Magistratura (CSM) e teria recebido o material para dar uma "opinião" para Sartori.
No entanto, o relatório nunca foi repassado para o CSM de maneira formal e nem para nenhum líder do órgão ou da comissão Antimáfia.
A investigação contra Davigo foi aberta em julho de 2021 porque os depoimentos coletados dos investigados são contraditórios sobre a forma como os dados foram vazados.
"Não há surpresa. Afinal, o réu também confessou ter cometido os crimes pelos quais hoje a condenação foi confirmada”, comentou a advogado Fabio Repici, representante legal do ex-conselheiro do CSM e parte civil Sebastiano Ardita.
Segundo o advogado, com o julgamento de segundo grau "foi também confirmado que Davigo agiu para desacreditar Ardita em um momento delicado da vida dele e em um momento em que Ardita no CSM era um obstáculo a ser superado".
Davigo, por outro lado, sempre afirmou ter agido "de boa fé, sem qualquer objetivo além de restaurar a legalidade".
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