(ANSA) - A Rússia e a China vetaram nesta sexta-feira (22) a resolução apresentada pelos Estados Unidos na ONU sobre a necessidade de uma trégua na guerra entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas na Faixa de Gaza.
A proposta, que apelava a um imperativo cessar-fogo imediato e prolongado para proteger os civis de todas as partes, permitir a prestação de assistência humanitária essencial e aliviar o sofrimento humanitário, obteve 11 votos a favor, três contrários - Argélia, Rússia e China - , e uma abstenção - Guiana.
No entanto, não foi aprovada porque Rússia e China estão entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que têm poder de veto.
Durante sua intervenção, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia acusou os Estados Unidos de falsas promessas e de só reconhecer a necessidade de um cessar-fogo após mais de 30 mil habitantes de Gaza morrerem nos confrontos.
Desde o início da guerra, os EUA usaram seu poder de veto para barrar diversas resoluções do Conselho de Segurança que pediam um cessar-fogo imediato em Gaza, inclusive uma apresentada pelo Brasil.
"Vocês só querem vender um produto aos seus eleitores", ressaltou o diplomata de Moscou.
Segundo Nebenzia, apoiar o texto dos EUA significa "nos cobrir de vergonha", porque não "podemos permitir que o Conselho de Segurança seja um instrumento de Washington para as suas políticas do Oriente Médio".
"O texto americano dá a Israel luz verde para um ataque a Rafah", acrescentou o russo, lembrando que "durante seis meses o Conselho de Segurança não conseguiu pedir um cessar-fogo em Gaza devido aos repetidos vetos dos EUA, e agora, depois de seis meses com a Faixa praticamente aniquilada, os Estados Unidos pedem um cessar-fogo".
O governo norte-americano, por sua vez, afirmou que "a Rússia e a China não fazem nada diplomático para uma paz duradoura ou para contribuir sinceramente para os esforços humanitários".
"Há duas razões profundamente cínicas por trás deste veto: primeiro, a Rússia e a China não querem condenar o Hamas pelos ataques de 7 de Outubro. Além disso, simplesmente não querem ver um texto elaborado pelos Estados Unidos adotado", afirmou a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, após o fracasso da resolução.
A diplomata americana antecipou ainda que outro projeto elaborado por alguns membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU que pede uma trégua para o Ramadã em Gaza não usa uma linguagem correta. "Não podemos adotar um produto não compromete os esforços diplomáticos na região".
Itália
Paralelamente, o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que, às vezes, o uso da força também é necessário para garantir a paz.
"Gostaria que o Conselho Europeu fosse um Conselho de Paz, ou seja, um conselho que estudasse e decidisse estratégias úteis para alcançar a paz tanto na Ucrânia como em Gaza, ou no Mar Vermelho", declarou o chanceler italiano à RAI 3. (ANSA)
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