Liliana Segre, senadora vitalícia da Itália e sobrevivente do Holocausto, revelou nesta segunda-feira (13) que tem sido alvo de graves ameaças ao longo de muitos anos.
"Recebo ameaças malucas, que ignorei durante anos. E me preocupo com esses inimigos em geral, que deveriam ser protegidos e cuidados. Mas eu vi tudo, como poderia ter medo de sair de casa?", destacou ela durante um evento no Memorial do Holocausto em Milão.
"Sempre digo que vivi em vão. Durante 30 anos fui às escolas contar o que tinha acontecido. E aos 94 anos me disseram 'cuidado, fique em casa'. Gosto de viver, sou ativa, tenho tantas paixões e devo ficar em casa porque alguém quer me matar? Não", acrescentou Segre.
Por fim, ela expressou "terrível tristeza" diante da "atmosfera horrível" desencadeada pelos ataques brutais e sem precedentes do grupo fundamentalista islâmico Hamas contra Israel em 7 de outubro e pela resposta do governo de Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza.
Nascida em Milão, em setembro de 1930, de uma família de origem judia, mas laica, Segre tinha apenas 13 anos quando foi deportada, em 1944, para o complexo de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Ao chegar ao campo de concentração, ela foi separada do pai, que não veria nunca mais.
Com o número de matrícula 75.190 tatuado no braço, realizou trabalhos forçados em uma fábrica de munições e, em janeiro de 1945, participou da chamada "marcha da morte", a transferência de prisioneiros do nazismo da Polônia para campos de extermínio na Alemanha.
Segre foi libertada em maio daquele mesmo ano e passou a viver com os avôs maternos, os únicos sobreviventes da família, além dela.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA