O ministro da Defesa de Itália, Guido Crosetto, afirmou nesta sexta-feira (31) que a utilização de armas italianas pela Ucrânia na Rússia vai contra a Constituição do país e reafirmou a oposição do seu governo a ideia de que Kiev possa atacar o território russo com armas fornecidas pelos países ocidentais.
Nos últimos dias, muitos dos aliados da Itália disseram que vão permitir que a Ucrânia use as suas armas para ataques dentro do território russo, depois de o secretário-geral da Organização do tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, ter sugerido que Kiev deveria obter autorização para isso.
"Cada Estado tem suas leis, sua Constituição. A aplicação do artigo 11.º da nossa Constituição impõe limitações relativamente à utilização de armas que entregamos à Ucrânia", afirmou o ministro na conferência nacional de Jovens Empresários da Confindustria em Rapallo.
Crosetto destacou que as armas enviadas pela Itália "devem necessariamente ser utilizadas para a defesa da Ucrânia, o que significa também atacar os russos na Ucrânia, mas não podem ser utilizadas no território de outro país".
De acordo com ele, esta é a opinião da Defesa da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni e do vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
Nos últimos dias, o chanceler italiano já havia dito que "é impossível que as nossas armas sejam usadas fora da Ucrânia" em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE em Praga.
"Estamos prontos para enviar mais armas, mas é importante que essas armas sejam usadas dentro da Ucrânia para defesa, como defesa aérea. Enviamos Samp-Ts (sistemas de defesa aérea) e é possível enviarmos outros Samp-Ts -Ts para defesa. Mas é importante que estas armas sejam utilizadas dentro da Ucrânia", concluiu.
Alemanha
Hoje, a Alemanha autorizou os ucranianos a defenderem-se "de acordo com o direito internacional" contra ataques vindos do outro lado da fronteira. E isso "mesmo com as armas entregues" pelo país.
A informação foi confirmada pelo porta-voz do chanceler alemão, Olaf Scholz, Steffen Hebestreit, em uma nota oficial.
"Homens e mulheres ucranianos estão a lutar pelo seu país e pelas suas liberdades. Muitos países do mundo nos apoiam nisto, política e economicamente, com ajuda militar e armas. O objetivo é libertar o território ucraniano e acordamos com a Ucrânia que as armas que fornecemos serão utilizadas de acordo com o direito internacional", diz o texto.
"Juntamente com os nossos aliados mais próximos e em estreito diálogo com o governo ucraniano, adaptamos continuamente o nosso apoio à medida que a guerra se desenvolve", acrescentou.
De acordo com o governo de Scholz, "nas últimas semanas, a Rússia preparou, coordenou e executou ataques a partir de posições na área de Kharkiv, particularmente na região fronteiriça que faz fronteira direta com a Rússia".
"Juntos, estamos convencidos de que a Ucrânia tem o direito, de acordo com o direito internacional, de se defender destes ataques e para isso também pode utilizar as armas fornecidas de acordo com as suas obrigações legais internacionais, incluindo as que são fornecidas por nós", concluiu o porta-voz.
Paralelamente, a União Europeia e a Otan deram luz verde substancial à utilização de armas fornecidas pelo Ocidente para ataques da Ucrânia contra alvos em território russo, uma opção que, para a Itália, no entanto, continua a ser evitada, pelo menos para as armas que Roma fornece, uma vez que entra em conflito com as limitações impostas pela Constituição.
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