A campanha eleitoral na Venezuela chegou ao auge de seu clima de tensão. Em meio a temores de novas represálias contra a oposição, denúncias de censura e exortações ao respeito à democracia que chovem sobre o governo vindas das capitais do mundo, os Estados Unidos reiniciaram o diálogo para pedir ao presidente Nicolás Maduro que garanta que as eleições de 28 de julho sejam "competitivas e inclusivas".
Uma tentativa de desescalada de Washington, que aproveita as sanções petrolíferas e são acompanhadas pela decisão da justiça norte-americana de adiar a conclusão do leilão forçado das ações da refinaria venezuelana Citgo, com sede em Houston. Na mesma direção, corre o veredicto de um tribunal de recurso de Manhattan, que anulou uma sentença bilionária contra a empresa petrolífera venezuelana PDVSA.
"Tudo fumaça nos olhos para nos enganar", comentou o embaixador venezuelano nas Nações Unidas, Samuel Moncada, que apelou nas redes sociais para "punir" a oposição (aliada aos EUA) nas urnas.
Já o presidente da Assembleia venezuelana, Jorge Rodriguez, no final do encontro virtual com a delegação norte-americana, destacou que o "diálogo deve se limitar ao que foi acordado no Catar". Em outras palavras, ao petróleo.
O Brasil de Lula, o mais aberto ao diálogo com o seu vizinho, se abriu à reintegração da Venezuela no Mercosul, após a suspensão em 2017, precisamente devido ao fato de Maduro não ter respeitado a "cláusula democrática" da organização. No entanto, a secretária para a América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixadora Gisela Padovan, especificou que, sem eleições normais, "não haverá a revogação das sanções [dos EUA] e não haverá" reintegração no Mercosul.
O Partido Socialista Unido da Venezuela (maioria governista) iniciou uma mobilização em território nacional ao anunciar 70 eventos em 10 dias, em homenagem ao 70º aniversário do nascimento do ex-presidente Hugo Chávez.
Com suas iniciativas, a oposição partiu de Caracas com um cortejo pelas principais vias da cidade. "A partir de hoje sairemos às ruas todos os dias, em toda a Venezuela", declarou Machado, que em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu à comunidade internacional que mantenha um olhar "vigilante" e pressione Caracas para que as eleições sejam "justas, livres e transparentes", conforme exigido pelos acordos de Barbados.
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