O presidente da Itália, Sergio Mattarella, garantiu o empenho do país para o "pleno sucesso da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, a começar pelo lançamento da Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza.
"Registramos com satisfação as consonâncias que caracterizam o trabalho de dois fóruns multilaterais tão importantes, o G7 e o G20. De minha parte, agradeci ao presidente Lula por sua participação no G7 de Borgo Egnazia", declarou o chefe de Estado italiano.
Em pronunciamento em Brasília, Mattarella afirmou ter discutido com o petista “as presidências contextuais do G7 e do G20” e destacou que existem “muitas sinergias” entre Itália e Brasil, principalmente “no que diz respeito a questões destinadas a permanecer no centro da agenda política global".
Entre os temas citados estão as “alterações climáticas, a transição energética, a segurança alimentar, o compromisso indispensável para superar as desigualdades que definem o nosso presente e determinarão o futuro das gerações seguintes".
Mattarella garantiu ainda que o Brasil “é um parceiro muito importante" para a Itália e destacou o avanço das relações bilaterais entre ambos.
Segundo ele, os dois líderes constataram "como o excelente avanço das relações bilaterais deve ser para nossos países não apenas um motivo de satisfação pelos objetivos alcançados, mas sobretudo um estímulo para aprofundar ainda mais as colaborações, ampliando a todas as áreas de interesse comum".
"Isso certamente se aplica às relações comerciais. As empresas italianas contribuem para o crescimento econômico do Brasil, tanto nos setores maduros quanto nos campos mais avançados e de maior valor agregado", acrescentou ele, divulgando que este é um compromisso das empresas italianas que os dois pretendem apoiar e incentivar.
Durante seu discurso, o presidente italiano explicou que "quis destacar a amplitude das colaborações no campo cultural, espaço infindável onde nasceram iniciativas historicamente importantes".
"Existe uma relação de atração mútua que é fruto do fascínio que a cultura brasileira exerce sobre nós, italianos, e da resposta brasileira à oferta cultural da Itália. Basta pensar, por exemplo, na profunda amizade que se estabeleceu entre dois protagonistas da poesia do século XX: Vinicius de Moraes e Giuseppe Ungaretti", afirmou.
De acordo com Mattarella, "a Bossa Nova e o Samba, do qual Vinicius foi literalmente embaixador no mundo, foram recebidos com grande favor na Itália, influenciando os nossos músicos e inaugurando uma temporada de colaborações artísticas frutíferas que ainda permanecem".
"O diálogo interacadêmico, e no campo da ciência e das tecnologias de ponta, também é de considerável importância. O Brasil representa um parceiro de grande importância para a Itália em muitos setores de vanguarda", afirmou.
O chefe de Estado italiano chegou em Brasília, no domingo (14), para a primeira etapa de uma visita que ainda incluirá São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, onde vai “demonstrar a proximidade da Itália com as populações atingidas pelas enchentes" que devastaram o Rio Grande do Sul e "causaram inúmeras vítimas e extensos danos" nos últimos meses.
"Agradeço a Lula pelas palavras que usou para a Itália, a nossa amizade é vista em momentos de particular compromisso", concluiu ele.
Imigração italiana e Guerras
Ao longo de seu discurso, Mattarella agradeceu o Brasil por acolher milhares de migrantes italianos, lembrando que 2024 "é um ano particularmente significativo para as relações bilaterais" dos países.
"O primeiro aniversário que gostaria de lembrar é o 150º aniversário da migração italiana para o Brasil. Os primeiros migrantes italianos encontraram acolhimento e oportunidades de vida, como muitos outros que mais tarde chegaram aqui neste grande e acolhedor país", recordou.
Na sequência, expressou seu agradecimento ao Brasil pela contribuição para a libertação da Itália do fascismo e do nazismo, enfatizando que, além dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, há um segundo aniversário para comemorar, que diz respeito ao desembarque na Itália, há apenas 80 anos, em 16 de julho de 1944, da Força Expedicionária Brasileira que lutou ao lado dos Aliados".
"Expressei ao presidente Lula a gratidão da República Italiana pela contribuição do Brasil para a libertação da Itália do fascismo e do nazismo".
Além disso, Mattarella expressou preocupação com "o imenso sofrimento da população civil" da Faixa de Gaza e condenou os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas contra Israel em 7 de outubro.
"No que diz respeito ao Oriente Médio, o Brasil e a Itália compartilham a condenação dos horríveis ataques perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro", declarou ele.
O chefe de Estado italiano enfatizou ainda que "a Itália também está fortemente preocupada com o imenso sofrimento da população civil de Gaza, que tem um número inaceitável de vítimas, incluindo mulheres e crianças.
Itália e Brasil "apoiam a solução de 'dois Estados', a única capaz de abrir uma perspectiva sustentável de paz tanto para os cidadãos de Israel como para o povo palestino", acrescentou.
Já sobre a Ucrânia, o italiano disse que é preciso "trabalhar obstinadamente por uma paz justa”, um aspecto "irrenunciável no respeito do direito internacional".
"A agressão russa ocorreu surpreendentemente por parte de um país com assento no Conselho de Segurança da ONU", declarou.
Por fim, defendeu que “é fundamental aprovar rapidamente" o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, enfatizando que o tratado diz respeito a "duas grandes realidades de colaboração e de paz em benefício do mundo".
Para ele, “o tecido de colaboração entre as integrações continentais é um elemento que garante a paz no mundo". (ANSA)
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