O incêndio na Grenfell Tower, que provocou a morte de 72 pessoas em Londres em 2017, incluindo diversos imigrantes, foi resultado de "décadas de falhas" por parte do governo e instituições do setor de construção.
As causas da tragédia constam no relatório de investigação divulgado nesta quarta-feira (4), cuja conclusão aponta para a "desonestidade e incompetência" atribuídas a empresas privadas, mas também a instituições públicas, serviços de emergência, políticos locais e ao governo nacional.
Segundo o responsável pela apuração da tragédia, Martin Moore-Bick, as mortes no arranha-céu de habitação pública nos limites do luxuoso bairro de Kensington e Chelsea poderiam ter sido evitadas. O local foi palco do pior incêndio residencial ocorrido no Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.
O documento, dividido em 1,7 mil páginas após anos de coleta de elementos e testemunhos pela comissão independente de inquérito liderada por Bick, destaca as "décadas de falhas" das partes, em um contexto de negligência regulatória, de manutenção e de controle que se multiplicou nos anos de privatização da gestão de grande parte da habitação pública no Reino Unido.
As chamas que surgiram nas primeiras horas do dia 14 de junho de 2017 se espalharam rapidamente pelo bloco de moradias sociais de 24 andares no oeste de Londres, devido ao revestimento altamente inflamável fixado ao exterior do edifício e que foram proibidos no país, apesar de não terem sido completamente removidos de todos os prédios.
Na tragédia, um congelador defeituoso, no quarto andar, iniciou um fogo, que se propagou a grande velocidade pelo prédio por causa do revestimento da sua fachada, que era feito de lâminas de alumínio e polietileno.
Quase ninguém foi poupado na acusação apresentada por Bick, desde as empresas que produziram ou instalaram os painéis, até à que supervisionou uma restauração econômica em 2011, até aos líderes políticos.
Desta forma, foram chamados ao banco de réus os vários governos - conservadores e trabalhistas - que se sucederam "desde o início da década de 1990" durante "as décadas de falhas e as oportunidades perdidas" para legislar mais estritamente sobre os revestimentos em risco.
De acordo com a imprensa, o relatório foi extremamente aguardado pelos familiares das vítimas como uma oportunidade para "envergonhar" os responsáveis pelo "desastre anunciado".
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