A premiê da Itália, Giorgia Meloni, reiterou nesta quarta-feira (18) que o país aprovará o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia apenas se houver "compensações" para os agricultores da UE, que temem a concorrência de produtos sul-americanos com preços mais competitivos.
"Sobre o Mercosul, pedimos para saber o que a Comissão Europeia [poder Executivo da UE] pretende fazer para compensar os desequilíbrios", disse a primeira-ministra em audiência no Senado italiano em vista da reunião do Conselho Europeu desta quinta-feira (19).
"Nossa decisão final está submetida a essa resposta", acrescentou Meloni, destacando que o acordo não terá o "sim" da Itália se não prever "compensações" a agricultores da UE.
As declarações foram dadas em resposta a um questionamento do senador de oposição e ex-premiê Matteo Renzi, que perguntou se Meloni estava com "Milei [presidente da Argentina] ou com a Coldiretti", principal confederação de agricultores do país europeu, no debate sobre o acordo comercial. "Eu estou sempre com a Itália", rebateu a primeira-ministra.
Segundo ela, o tratado Mercosul-UE poderia "ajudar alguns setores da indústria" italiana, mas "penalizaria nossos agricultores". "Se impusermos regras extremamente restritivas e depois importarmos livremente de países que não têm as mesmas normas, vamos criar um desequilíbrio que depois vamos pagar", disse.
A conclusão das negociações entre Mercosul e UE foi anunciada em 6 de dezembro, e o acordo passará agora pelo processo de revisão legal e tradução, antes de ser submetido à assinatura das partes, o que deve levar cerca de um ano.
Após essa etapa, o texto precisará ser ratificado pelos dois blocos. Na UE, será necessário o aval do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia, órgão formado por ministros dos 27 Estados-membros. Neste último, o pacto poderá ser barrado se encontrar a oposição de pelo menos quatro países que contemplem no mínimo 35% da população do bloco.
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