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M5S recorre de decisão de tribunal sobre suspensão de estatuto

M5S recorre de decisão de tribunal sobre suspensão de estatuto

Partido tenta reverter medida que também vetou eleição de Conte

ROMA, 14 fevereiro 2022, 10:03

Redação ANSA

ANSACheck

Decisão do tribunal também suspendeu eleição de Conte - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Os advogados do Movimento 5 Estrelas (M5S) entraram com recurso contra a decisão de um tribunal de Nápoles de suspender o novo estatuto do partido e a eleição de Giuseppe Conte como presidente da sigla.

A informação foi confirmada neste sábado (12) por fontes partidárias, que ressaltaram que o pedido entrou na Justiça um dia antes.

A justiça napolitana deu a sentença contra as votações internas de agosto de 2021 após três membros do M5S recorrerem ao tribunal por conta de problemas nos registros.

Até julho daquele ano, a sigla usava a plataforma Rousseau para fazer suas votações. No entanto, o "dono" do sistema, Davide Casaleggio, e o cofundador do partido, Beppe Grillo, tiveram uma briga judicial sobre a plataforma e na eleição foi usado um novo sistema, chamado de Sky Vote.

Só que muitos não conseguiram votar na nova plataforma por conta de problemas nos registros - e os três ativistas ainda reforçaram que o próprio Grillo havia publicado um texto em que dizia que a votação deveria ser no Rousseau porque isso constava no estatuto antigo. Com o imbróglio interno, a Justiça determinou a suspensão dos pleitos.

No entanto, esse é só mais um problema que atingiu o interior do M5S desde a semana que culminou com a eleição de Sergio Mattarella para mais um mandato à frente da Presidência. Um "racha" entre Conte e o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, também ficou evidente e Grillo vem fazendo uma série de reuniões para apaziguar os problemas.

Neste sábado, para também tentar dar uma posição de normalidade interna, o presidente da Câmara, Roberto Fico, afirmou que os problemas reais são apenas "burocráticos".

"A situação é muito mais simples do que aquela que vocês descrevem. A questão é absolutamente burocrática, não política. Vamos dar os passos já anunciados e esperamos que tenham uma boa resolução. Conte é o líder do M5S, não há questões políticas nisso", disse o deputado em um evento partidário.

Crise no M5S

O M5S surgiu com grande força no cenário político italiano ao quebrar a hegemonia da alternância de poder entre esquerda e direita em março de 2018.

Com menos de 10 anos de existência, a sigla obteve 32% dos votos e tornou-se a primeira legenda antissistema a vencer uma disputa nas urnas.

Três meses após a vitória, o M5S formou uma coalizão de governo com a Liga, de Matteo Salvini, mas a aliança fez com que muitos eleitores progressistas se afastassem do M5S.

Em 2019, o governo com os ultranacionalistas foi rompido por Salvini para tentar forçar eleições antecipadas, mas a sigla de Grillo fez uma mudança inesperada e se uniu ao seu maior rival até então: o centro-esquerda Partido Democrático. Com a nova coalizão, foi a vez daqueles que se aproximaram do M5S pelos discursos eurocéticos se afastarem.

Além disso, com a queda de Conte do cargo de premiê, em 2021, a sigla apoiou e faz parte da grande coalizão - que vai da centro-esquerda à extrema-direita - que sustenta Mario Draghi, um verdadeiro símbolo do establishment europeu.

Apesar de ainda ter a maior bancada parlamentar, o M5S aparece apenas como quarta força entre os partidos italianos, atrás da legenda de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), PD e Liga, com menos de 20% das intenções de votos.
   

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