O ex-primeiro ministro da Itália e presidente da sigla Força Itália, Silvio Berlusconi, fez duras críticas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante um evento partidário em Roma neste sábado (9). O ex-premiê é amigo pessoal de Putin e os dois tiveram diversos encontros mesmo após o italiano deixar o cargo de chefe do governo.
"Não posso e não quero esconder que estou profundamente decepcionado e entristecido com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma gravíssima responsabilidade na frente do mundo inteiro", disse durante os cerca de 40 minutos de discurso.
"De frente para o horror do massacre de civis em Bucha e em outras localidades ucranianas, verdadeiros e reais crimes de guerra, a Rússia não pode negar a sua responsabilidade. Deve fazer o contrário, em seu interesse inclusive, e identificar e colocar sob julgamento os responsáveis por um comportamento que o direito e a moral consideram inaceitáveis também em tempos de guerra", acrescentou.
Ainda falando sobre o conflito na Ucrânia, Berlusconi destacou que é preciso "fazer todo o possível para que tudo isso acabe o mais rápido possível, para colocar fim à brutalidade da guerra e a Itália precisa trabalhar nesse sentido para que se chegue a um compromisso aceitável por todos".
Segundo o ex-premiê, esse acordo precisa garantir a "integridade e a liberdade" do povo e do governo ucraniano. "Nós desejamos que as relações entre Rússia, Estados Unidos e Europa voltem a ser de diálogo, mas espera-se que a Rússia faça um passo na direção certa, fazendo as armas calarem. O cessar-fogo por parte da Rússia é fundamental e prioritário", pontuou ainda.
Como seu partido, o FI, faz parte da base de apoio do governo de Mario Draghi - uma aliança extensa que vai da extrema-direita à centro-esquerda -, Berlusconi ainda concordou com o fato divulgado por Roma de que a Itália "ainda não está pronta para renunciar ao gás russo imediatamente". Mas, concordou que esse deve ser "o nosso objetivo nos tempos corretos".
Berlusconi se manteve calado por um grande período sobre as ações de Putin, apenas dizendo que os ucranianos precisavam ser ajudados em sua defesa. No início do mês passado, a ANSA revelou que o ex-premiê colocou alguns dos seus imóveis à disposição para receber os migrantes e refugiados vindos da Ucrânia e que estão sendo acolhidos na Itália.
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