O premiê da Itália, Mario Draghi, abriu nesta quinta-feira (9) o Conselho Ministerial da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, e alertou para o risco de uma "catástrofe global" causada pela disparada no preço dos alimentos.
Draghi inaugurou a reunião porque a Itália preside o Conselho Ministerial da OCDE neste ano, e concentrou seu discurso nos efeitos da invasão da Rússia à Ucrânia.
"O esforço para evitar a crise alimentar deve iniciar pelo desbloqueio dos portos [da Ucrânia] e dos milhares de cereais que estão lá", afirmou o premiê, em referência ao bloqueio naval imposto por Moscou aos portos ucranianos no Mar Negro.
Devido a esse cerco, navios estrangeiros não podem exportar o trigo produzido pela Ucrânia, que acumula mais de 20 milhões de toneladas de grãos em seus silos. De acordo com Draghi, esse bloqueio está "fazendo aumentar os preços e causando uma catástrofe de alcance global".
Para liberar o acesso à costa ucraniana, a Rússia exige a desminagem dos portos, mas Kiev teme que, ao fazer isso, os locais fiquem vulneráveis a ataques.
"Precisamos dar ao presidente Zelensky as garantias de que ele precisa de que os portos não serão atacados", ressaltou Draghi, que também cobrou a mesma firmeza para ajudar países vulneráveis.
"Para que nossos esforços sejam eficazes, eles precisam ser sustentáveis ao longo do tempo e envolver as economias emergentes e em vias de desenvolvimento. Temos que copiar a firmeza mostrada na Ucrânia com a mesma determinação para ajudar aqueles que estão nos países mais pobres do mundo, sobretudo na África", disse o primeiro-ministro.
Zelensky
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também participou do Conselho Ministerial da OCDE, mas por videoconferência, e afirmou que a agressão russa é uma "ameaça ao mundo todo".
"O interesse primário do mundo deve ser proteger a Ucrânia. A agressão russa deve terminar o quanto antes", declarou o mandatário, pedindo "dolorosas sanções de longo prazo contra a Rússia".
Zelensky também pediu a exclusão de Moscou da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). "Qual seria o lugar da Rússia se ela causa a carestia para pelo menos 400 milhões de pessoas, se não forem mais de 1 bilhão?", questionou. (ANSA)
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