O Partido Democrático (PD), principal força de centro-esquerda da Itália, formalizou novas alianças neste sábado (6) para tentar fazer frente ao favoritismo da extrema direita nas eleições antecipadas de 25 de setembro.
Tratam-se de dois acordos: um com as pequenas legendas Esquerda Italiana (SI) e Europa Verde (EV), que fazem oposição ao governo do premiê Mario Draghi e, juntas, têm cerca de 4% das intenções de voto, pouco acima da cláusula de barreira de 3%; e outro com o novo partido Empenho Cívico (IC), formado por dissidentes do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e que varia entre 1% e 3% nas pesquisas.
"Estou feliz com esse acordo eleitoral, necessário, na nossa opinião, porque esse sistema eleitoral obriga a fazer acordos e penaliza a solidão", afirmou o secretário do PD, o ex-primeiro-ministro Enrico Letta.
Com cerca de 24% das intenções de voto, o Partido Democrático está em empate técnico com a sigla de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), da deputada Giorgia Meloni, na liderança das pesquisas.
No entanto, o FdI integra uma coalizão conservadora com os partidos de Matteo Salvini (Liga) e Silvio Berlusconi (Força Itália), que aparece com mais de 40% da preferência e pode obter maioria absoluta no Parlamento, beneficiando-se de um sistema eleitoral que mistura proporcional com majoritário.
Por conta disso, o PD tentou fechar o maior número possível de alianças para fazer frente ao favoritismo da direita nos colégios majoritários.
No início da semana, o partido já havia assinado um acordo com as legendas de centro Ação, do ex-ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda, e Mais Europa, da ex-ministra das Relações Exteriores Emma Bonino, que também estão na faixa de um dígito nas pesquisas.
A coligação com o centro incomodou o SI e os Verdes, que pregam políticas mais agressivas nos âmbitos social e ambiental, mas, ameaçados pela cláusula de barreira, ambos decidiram se juntar ao PD.
"São acordos separados, mas compatíveis", disse Letta, ao comentar os entendimentos com Ação/Mais Europa, Esquerda Italiana/Europa Verde e Empenho Cívico. "Entregar assentos a essa direita extrema não é aceitável. Construiremos uma frente ampla, apesar das diferenças que já conhecemos", afirmou o porta-voz dos Verdes, Angelo Bonelli.
O foco das alianças costuradas pelo PD são os colégios majoritários para a Câmara dos Deputados e o Senado, ou seja, aqueles onde apenas o candidato mais votado será eleito.
Esses distritos definirão 37% das vagas na próxima legislatura, enquanto o restante será escolhido por meio do sistema proporcional, com os assentos no Parlamento distribuídos de acordo com o percentual obtido por cada partido.
Nos colégios onde PD e Ação/Mais Europa disputarem juntos, a divisão de candidatos será de 70% para o partido de centro-esquerda e 30% para a coalizão de centro. Nos acordos com Esquerda Italiana/Europa Verde e Empenho Cívico, o PD indicará, respectivamente, 80% e 92% dos postulantes nos colégios majoritários.
"Hoje fechamos um capítulo, a partir de amanhã vamos correr para convencer os italianos e as italianas, vamos arregaçar as mangas", disse Letta. (ANSA)
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