O Partido Democrático, sigla de centro-esquerda, aprovou por unanimidade neste sábado (13) seu programa de governo em caso de vitória nas eleições do próximo dia 25 de setembro. O documento tem como três principais pontos a defesa da União Europeia, o desenvolvimento sustentável e o crescimento da economia.
Chamado de "Juntos por uma Itália democrática e progressista", o documento final será apresentado de maneira formal neste domingo (14). No entanto, o secretário-geral da sigla, Enrico Letta, já antecipou diversos pontos do texto.
"São três os temas que acreditamos profundamente. Querem fazer com que a Itália volte para trás e não permitiremos isso. Há o grande tema da União Europeia, da democracia e da participação popular que para nós é elemento-chave. [...] Temos o desenvolvimento sustentável, em que a Itália precisa apostar para o futuro. [...] E também o crescimento e os postos de trabalho. Somos os únicos entre os grandes partidos que fala sobre isso e que vota de maneira coerente no nível nacional e também na UE", destacou.
Entre as informações divulgadas, também há a indicação de que o PD irá aprovar a chamada "Lei Zan", que torna crime a homofobia e a transfobia no país - em projeto que está parado no Senado por conta dos partidos de direita e extrema-direita. Além disso, haverá a introdução do "matrimônio igualitário porque um país civil não exclui, não marginaliza e não estigmatiza" as pessoas LGBTQIA+.
Outro ponto de oposição ao programa do chamado "bloco de centro direita", que inclui as siglas de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI) e Liga e o conservador Força Itália, é a questão da migração.
O programa do PD informa que haverá a "introdução do jus Scholae para superar as injustificadas discriminações que ainda hoje vemos nas escolas italianas". "A norma não é só uma civilidade, mas é antes de tudo um bom senso. Quem é filho de pais estrangeiros e completa um ciclo de estudos na Itália torna-se cidadão", diz o rascunho do texto.
Também neste caso o projeto de cidadania está em debate no Parlamento e, pelo documento que está sendo debatido, toda criança que é filha de pais estrangeiros ou chegou no país até os 12 anos de idade tem direito à cidadania desde que frequente regularmente a escola por pelo menos há cinco anos. Atualmente, uma criança nascida ou que chega a Itália só pode solicitar a cidadania aos 18 anos, em processo lento e burocrático.
O rascunho ainda aponta a meta de criar 500 mil residências populares em 10 anos e, para isso, serão "utilizadas intervenções de regeneração urbana para limitar ao máximo o consumo do solo e para dar nova vida a espaços menos cuidados das nossas cidades".
Outro destaque é o reforço de uma proposta, que também tinha o apoio de Mario Draghi, de buscar uma "defesa comum na União Europeia". "Precisamos fazer com decisão um projeto de integração, racionalização e coordenação da política de segurança e defesa europeia, valorizando a autonomia estratégica da União Europeia", ressalta o texto.
Vídeo em resposta a Meloni
Além da aprovação do documento, Letta também divulgou neste sábado um vídeo em resposta à publicação feita por sua rival, Giorgia Meloni, do FdI.
Segundo as pesquisas de opinião, PD e FdI estão em empate técnico na liderança das pesquisas de intenção de votos. No entanto, o "bloco de centro-direita" tem um percentual maior quando comparado às uniões políticas feitas pela esquerda.
Assim como Meloni, o vídeo foi divulgado em três idiomas - francês, inglês e espanhol - e começa afirmando que o PD "sempre foi profundamente europeísta".
Destacando que busca uma UE cada vez mais integrada em diversos temas importantes, como saúde e economia, Letta diz que "tudo isso só pode ser feito sem nacionalismos nos países europeus e se cada país buscar ficar junto aos outros de maneira solidária".
Letta ainda pediu uma reforma no sistema de votação unânime e de vetos individuais para projetos importantes porque isso é algo que "a extrema-direita sempre quis".
"Esse mesmo direito de veto que [Viktor] Orbán, amigo e aliado da extrema-direita italiana, usa cada vez que quer prejudicar a Europa - assim como fez na votação contra as sanções à Rússia ou sobre questões migratórias", disse ainda.
"Os fatos são mais importantes do que os discursos de campanha eleitoral. E os fatos mostram que a direita jamais apoiou o programa Próxima Geração no Parlamento Europeu. Nunca apoiou a criação de uma 'Europa da saúde' e as escolhas de solidariedade para países em maior dificuldade, como a Itália. Essa direita votou contra todos os fatos mais importantes debatido contra as mudanças climáticas", pontuou ainda.
Em um ataque mais direto ao FdI, Letta destacou que a sigla é "aliada do Vox, o partido espanhol de extrema-direita que tem entre as suas principais ideias os valores do franquismo, que reivindica". "O Vox, como todos os partidos da extrema-direita considera a União Europeia uma ameaça para a soberania de seus países. E seus programas visam por fim à integração europeia. [...] Eles representam o ultranacionalismo, o negacionismo das mudanças climáticas, o ultranacionalismo que é contra a migração, contra a comunidade LGBTQIA+", destaca.
Na parte final do vídeo, Letta fala sobre o governo da direita de 2011 e ressalta que o "último governo [Silvio] Berlusconi deixou o país à beira da falência e nós precisamos passar por anos e anos de sacrifício para superar essa dramática situação".
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