Amigo de longa data de Vladimir Putin, o ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi afirmou que o presidente da Rússia foi "empurrado" para a guerra pela população e por seu partido.
A declaração foi dada em entrevista ao programa "Porta a Porta", da emissora Rai, na última quinta-feira (22), penúltimo dia da campanha eleitoral italiana.
"Putin caiu em uma situação verdadeiramente difícil e dramática", disse Berlusconi, acrescentando que dirigentes das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk fizeram uma "missão" em Moscou para convencer o Kremlin de que estavam sob ataque da Ucrânia.
"Putin foi empurrado pela população russa, por seu partido [Rússia Unida] e por seus ministros a inventar essa operação especial, por meio da qual as tropas russas deveriam entrar em Kiev em uma semana, substituir o governo Zelensky por um governo de pessoas de bem e voltar em mais uma semana", ressaltou o ex-premiê.
Segundo Berlusconi, as forças de Moscou encontraram uma "resistência imprevista e imprevisível" por parte da Ucrânia, que "depois foi abastecida com armas de todos os tipos pelo Ocidente". As tropas russas chegaram a se aproximar de Kiev no início da guerra, mas recuaram e passaram a se concentrar no leste e no sul ucranianos.
O posicionamento do ex-primeiro-ministro italiano reflete a versão oficial adotada pelo Kremlin, que diz ter invadido a Ucrânia para "defender" a população de etnia russa no chamado Donbass, palco de conflitos separatistas desde 2014.
Reação -
O governo da Ucrânia criticou o ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi por ter dito que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi “empurrado” para a guerra pela população e por seu partido.
"Putin está no poder há mais de 20 anos. Ele matou ou prendeu seus adversários políticos. Ele enviou um exército de assassinos e estupradores para o território de um Estado soberano. Ele organizou um massacre na Síria. responsável pela queda de um avião de passageiros com 300 pessoas em 2014. E agora ele ameaça usar armas nucleares. Então, se entendemos corretamente, Berlusconi confia nele e usa seu exemplo para definir quem é uma pessoa respeitável e quem é não?", declarou Seriiy Nykyforov, porta-voz do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao “La Repubblica”.
Segundo ele, na votação na Itália "é essencial que os cidadãos escolham candidatos que tenham e sigam os princípios morais corretos". (ANSA)
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